O líder militar iraquiano Qasem Soleimani, acusado de dirigir uma organização terrorista, foi morto em 2 de janeiro em Bagdá (Iraque), no marco de um ataque aéreo ordenado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Como estas novas tensões entre ambos os países afetam os cristãos no Iraque?

Pe. Luis Montes, sacerdote do Instituto do Verbo Encarnado (IVE) e missionário no Iraque, disse a ACI Prensa – agência em espanhol do Grupo ACI – que é “muito grave”, mas explicou que até agora não há “algo diretamente contra os cristãos nisso”.

Pe. Montes, atualmente responsável pela Catedral de Rito Latino de Bagdá junto com Pe. Jorge Cortez, assinalou que “quanto mais violência, mais instabilidade há, isso torna a vida dos cristãos mais difícil”.

“A guerra afeta aos cristãos mais do que aos outros, porque somos menos, estamos mais desprotegidos” frente “à insegurança, à violência”.

“A maioria se foi”, continuou. “E tudo isso não ajuda a estabilizar o país, por isso as pessoas continuam querendo ir embora e mais pessoas vão querer ir”.

O ataque realizado com drones ao comboio no qual Soleimani se movia marca um novo ponto crítico nas contínuas tensões entre Estados Unidos e Irã.

No final de dezembro, um empreiteiro de defesa norte-americano no Iraque morreu após um ataque com mísseis. O governo dos EUA responsabilizou uma milícia iraquiana apoiada pelo Irã e devolveu um ataque que matou 25 guerrilheiros.

Em resposta, em 31 de dezembro de 2019, realizou-se uma manifestação no lado de fora da embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, causando danos menores à instalação.

De acordo com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, a morte de Soleimani, líder do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica e considerado a segunda pessoa mais poderosa do Irã, foi uma “ação defensiva para proteger o pessoal dos Estados Unidos no exterior”.

“O general Soleimani estava desenvolvendo ativamente planos para atacar diplomatas e militares americanos no Iraque e em toda a região”, indicou o Departamento de Estado em um comunicado publicado em 2 de janeiro, ao mesmo tempo em que responsabilizaram Soleimani e sua organização, classificada como terrorista pelos Estados Unidos, das “mortes de centenas de norte-americanos e membros de serviço da coalisão, e de ferir outros milhares”.

Segundo os Estados Unidos, Soleimani “aprovou os ataques contra a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá que foram realizados nesta semana”.

“Os Estados Unidos vão continuar a tomar todas as medidas necessárias para proteger nosso povo e nossos interesses onde quer que estejam ao redor do mundo”, assinalou o Departamento de Estado.

Por sua parte, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, assegurou que seu país irá “se vingar desse crime horrível”.

“Será elevada a bandeira do General Soleimani em defesa da integridade territorial do país e da luta contra o terrorismo e o extremismo na região, e o caminho à resistência aos excessos dos Estados Unidos continuará”, assegurou Rouhani no Twitter.

O Líder Supremo do Irã, Ali Khamenei, classificou Soleimani como “mártir” e assegurou que uma “vingança severa aguarda os criminosos que mancharam suas mãos com as (de Soleimani) e o sangue dos outros mártires”.

Pe. Luis Montes reiterou que “tudo o que é instabilidade e violência é um bom lugar para os violentos, para os terroristas, para os interesses distantes ao país que estão interessados nos recursos do país e são contrários à população”.

“Ao ser contrário à população, é especialmente contrário aos cristãos que, cada vez mais, são menos e estamos mais desprotegidos”, sublinhou.

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