O Círio de Nazaré voltou às ruas de Belém (PA) ontem (9) e reuniu 2,5 milhões de fiéis depois de dois anos proibido pelas medidas impostas contra a covid-19.

O Círio de Nazaré acontece todos os anos no segundo domingo de outubro em honra a Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do Pará e chamada também “Rainha da Amazônia”. Conta ainda com uma programação que se estende por vários dias, incluindo missas, momentos de adoração e 13 procissões. Neste ano, a missa de abertura foi no dia 4 de outubro e a programação completa se estende até 24 de outubro.

Na manhã de ontem, a procissão mais aguardada do Círio saiu da catedral metropolitana e seguiu em direção à basílica santuário de Nazaré. Foram mais de cinco horas de um trajeto de 3,6 quilômetros.

Antes do início da procissão, o arcebispo de Belém, dom Alberto Taveira, celebrou a missa na catedral. Em sua homilia, reafirmou que o Círio de Nazaré é “um evento da Igreja Católica, da arquidiocese de Belém, que tem um alcance impressionante de evangelização, de formação, de envio em missão”.

“O Círio é um encontro, é a forma que temos para expressar a todas as pessoas que elas são importantes. Aqui não existem classes sociais, idades, fortunas ou não, posição na sociedade. Aqui, todos nós nos despojamos de qualquer outra coisa que não seja a nossa dignidade de pessoas humanas, de filhos de Deus”, afirmou.

“O Círio é uma família”, disse, ressaltando que se refere a todos como “irmãos e irmãs”. “Desejo que todos nós que aqui estamos descubramos os laços que nos unem uns com os outros, descubramos que, antes de sermos amigos uns dos outros, nós somos irmãos, irmãos em Cristo, irmãos porque Aquele que é o Filho de Deus se fez homem”, disse.

Após a missa, a procissão com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré saiu rumo à basílica santuário. No percurso, além dos devotos agarrados à corda atrelada à berlinda que leva a imagem, muitos promesseiros carregavam símbolos de sua gratidão à Nossa Senhora de Nazaré, como cruzes, maquetes, livros. Outros realizaram o percurso de joelhos, amparados por familiares, amigos e voluntários.

Na manhã de sábado, o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, participou da romaria fluvial, na corveta da Marinha Garnier Sampaio, embarcação que leva a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré. Em nota, a arquidiocese de Belém disse que o Círio de Nazaré é um “evento da Igreja Católica” e afirmou que o presidente não tiha sido convidado.

“Comunicamos não ter havido nenhum convite da parte da arquidiocese de Belém, nem da Diretoria da Festa de Nazaré, a qualquer autoridade seja em nível municipal, estadual ou federal. Entretanto reconhecemos ser responsabilidade da Marinha do Brasil o acesso à referida embarcação”, disse.

Como presidente da República, Bolsonaro é constitucionalmente o comandante supremo das Forças Armadas e, portanto, da Marinha.

O Palácio do Planalto disse que ele participou do evento como “chefe de Estado” e não como candidato à reeleição.

O governador reeleito do Pará, Helder Barbalho (MDB), aliado de Lula, deu uma interpretação eleitoral à participação de Bolsonaro no evento. “O Círio de Nazaré é algo absolutamente intocável, algo que nenhum político tem o direito de se apropriar", disse.

No início do mês, o próprio Barbalho convidou Lula para participar do Círio. Lula disse que recusou para evitar que sua presença fosse associada a marketing político.

Na noite de sábado, a mulher de Lula, Rosângela Silva, a Janja, participou da procissão noturna da Trasladação. Janja esteve nos palanques da programação cultural Varanda de Nazaré, da cantora Fafá de Belém, e o do governo do Estado. Ontem, voltou ao palanque do governador para acompanhar a procissão.

Confira também: