"A dignidade do ser humano: os ensinamentos do judaísmo e do catolicismo sobre as crianças" foi o tema da 16ª reunião da Comissão Bilateral das delegações do Grão-Rabinato de Israel e da Comissão da Santa Sé para as relações religiosas com o Judaísmo, realizada em Roma de 18 a 20 de novembro.

Esta comissão bilateral se reuniu por ocasião do Dia Mundial da Criança convocado pelas Nações Unidas e, por este motivo, abordou o tema da dignidade humana, com referência especial às crianças, baseadas no patrimônio bíblico que compartilham judeus e católicos.

Em primeiro lugar, a comissão reconheceu o progresso na sociedade moderna no tema dos direitos humanos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Convenção de 1989 sobre os Direitos da Criança, que expressam "os princípios da inviolabilidade da vida humana e da inalienável dignidade humana das pessoas que encontra a sua expressão plena nas relações entre o indivíduo e o Divino e entre o indivíduo e o seu próximo, o que implica na responsabilidade de tornar efetiva esta relação na dimensão social".

Na declaração conjunta, ambas as delegações asseguraram ter "um dever especial para com os membros mais fracos das suas comunidades e, especialmente, para com as crianças, garantes das futuras gerações, que ainda não são capazes de expressar todo o seu potencial e se defenderem sozinhas".

Durante a reunião, os representantes discutiram a importância de esclarecer "a base ética destes princípios, observando que esses ideais já estão arraigados com valor transcendente em nossa herança bíblica comum que afirma que o ser humano é criado à imagem de Deus".

Neste sentido, o respeito pela dignidade pessoal das crianças também deve ser expresso através da oferta de uma ampla gama de estímulos e instrumentos para desenvolver sua capacidade de reflexão e ação.

Por isso, destacaram que "é necessário promover relações de amor autêntico e estável, ​​e proporcionar a nutrição, garantindo sua saúde e proteção, a necessária educação religiosa e escolar, o cultivo da criatividade”.

A sociedade como um todo, mas especialmente os pais, professores e guias religiosos têm uma responsabilidade especial no amadurecimento moral e espiritual das crianças.

Em suas deliberações sobre os direitos das crianças à autonomia e à liberdade, os membros da Comissão Bilateral destacaram "a tensão entre o esforço para garantir a liberdade máxima de escolha e a garantia de proteção e orientação prudente" e acrescentaram que se deve evitar "qualquer instrumentalização da outra pessoa, cuja dignidade sempre deve ser considerada como um fim em si mesmo”.

Audiência privada com o Papa

Os membros da comissão bilateral se reuniram com o Papa Francisco em 19 de novembro. "Somos irmãos e filhos de um só Deus e devemos trabalhar juntos pela paz, de mãos dadas", disse o Santo Padre a judeus e católicos.

Também informaram que durante a reunião foi anunciada a preparação de um documento inter-religioso sobre as questões relacionadas com o fim da vida, “com referência especialmente ao perigo de legalizar a eutanásia e o suicídio assistido por um médico em vez de garantir cuidados paliativos e o respeito máximo pela vida que é um dom de Deus".

A delegação católica foi liderada pelo Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral Cardeal Peter Turkson. Também estiveram presentes o Arcebispo Pierbattista Pizzaballa, o Arcebispo Bruno Forte, o Bispo Giacinto-Boulos Marcuzzo, Mons. Pier Francesco Fumagalli e o sacerdote salesiano Norbert J. Hofmann.

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