O cardeal Joseph Zen diz estar “muito preocupado” com o que pode acontecer com o sínodo sobre a sinodalidade em andamento e que reza para que “nosso papa tenha maior sabedoria”.

Em entrevista ao jornal italiano Il Giornale publicada ontem (17), o bispo emérito de Hong Kong disse esperar que o sínodo mude seu curso. Na fase diocesana do sínodo da Sinodalidade, já encerrada, diversas conferências episcopais nacionais defenderam em seus relatórios mudanças na moral sexual da Igreja, especialmente sobre a homossexualidade, o fim do celibato e a ordenação de mulheres. Os bispos se reúnem no Vaticano em outubro próximo para discutir os documentos continentais que estão sendo preparados.  

“Temo que o sínodo esteja repetindo o mesmo erro da Igreja holandesa há 50 anos, quando os bispos recuaram e aceitaram que os fiéis liderassem a Igreja. Então, o número de fiéis diminuiu”, diz Zen.

O bispo emérito de Hong Kong parece estar se referindo ao Conselho Pastoral de Noordwijkerhout, reunido na Holanda entre 1966 e 1970, que pediu que a autoridade da Igreja fosse exercida com diálogo, que as mulheres assumissem papéis eclesiais e que o celibato sacerdotal fosse opcional.

Na entrevista, o cardeal Zen também reflete sobre sua audiência privada com o papa Francisco quando foi autorizado a viajar a Roma para o funeral do papa Bento XVI no início do mês, chamando-a de “um encontro maravilhoso, muito caloroso”.

“Agradeci ao papa pelo bom bispo nomeado para Hong Kong em 2021”, diz Zen, referindo-se ao bispo de Hong Kong, Stephen Chow.

Ele diz que o papa respondeu: “Eu o conheço bem, ele é um jesuíta!”

O cardeal, que completou 91 anos na semana passada, também contou ao papa como dedicou-se ao ministério carcerário em Hong Kong e batizou vários prisioneiros nos últimos dez anos.

“Francisco disse estar muito feliz por meu ministério”, conta o cardeal.

O próprio cardeal Zen foi preso no ano passado sob a lei de segurança nacional de Hong Kong. Ele disse que os católicos na China vivem uma situação difícil e “nunca devemos esquecer de rezar nestes tempos difíceis”.

“Muitos fiéis dão testemunho consciente de sua fé, mas sabemos que, quando a situação se torna difícil, alguns pensam apenas nos próprios interesses. Continuamos a defender a verdade, a justiça e a caridade. As trevas não vencerão a luz”, diz Zen.

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