O cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, expressou sua preocupação com as notícias de que a Santa Sé prepara restrições à celebração da missa com a forma extraordinária do rito romano, conhecida como missa tridentina. “A missa tridentina não divide, pelo contrário, nos une aos nossos irmãos e irmãs de todos os tempos, aos santos e mártires de todos os tempos, àqueles que lutaram pela sua fé e que nela encontraram um alimento espiritual inesgotável”, disse o bispo emérito.

A celebração da missa com a forma extraordinária do rito romano atuamente é regulamentada pelo motu proprio Summorum Pontificum do papa Bento XVI, de 2007, que libera o uso do rito anterior às reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II para qualquer padre. A Santa Sé proibiu missa tridentina na Basílica de São Pedro em abril deste ano restringindo a forma extraordinária a uma capela específica das Grutas do Vaticano. ACI Digital apurou que as restrições que estão sendo preparadas devem incluir a restrição a algumas igrejas específicas em cada diocese e a necessidade de autorização do bispo local.

Em sua carta, o cardeal Zen destaca sua preocupação com a notícia publicada “sobre possíveis restrições à celebração da missa tridentina (a que agora chamamos de forma extraordinária do rito romano)”, que se caracteriza, entre outras coisas, pelo uso do latim e da orientação do padre virado para o altar, na mesma direção que os fiéis.

O cardeal nega ser um extremista do rito tridentino. Ele lembrou ter trabalhado “ativamente, como sacerdote e como bispo, pela reforma litúrgica depois do Vaticano II, procurando também conter os excessos e abusos que, infelizmente, não faltaram nem na minha diocese. Portanto, não serei acusado de ser parcial”.

No entanto, “não posso negar, pela minha experiência em Hong Kong, as abundantes bondades que vieram com o motu proprio Summorum Pontificum e a celebração da missa tridentina”.

Como exemplo dessas abundantes bondades, o cardeal disse que, em Hong Kong, existe “um grupo de fiéis que há décadas participa desta forma, que vem da riqueza litúrgica da nossa tradição, um grupo que nunca criou problemas para a diocese e cujos participantes nunca questionaram a legitimidade da missa renovada”. E contou que “muitos jovens passaram pela comunidade que celebra a missa com a forma extraordinária em Hong Kong, e através dela eles redescobriram o sentido de adoração e reverência que devemos a Deus, nosso Criador”.

Além disso, recordou a sua infância em Xangai. “Meu pai era um católico muito devoto e me levava à missa todos os dias. Aos domingos me fazia participar de cinco missas! Senti tanta reverência, fiquei tão fascinado (e ainda estou!) pela beleza do canto gregoriano, que acho que essa experiência alimentou a minha vocação ao sacerdócio, como a tantos outros”, contou o cardeal.

“Lembro-me de muitos fiéis chineses (e não creio que todos soubessem latim ...) participando com grande entusiasmo daquelas cerimônias litúrgicas, como agora posso testemunhar na comunidade que participa da missa tridentina em Hong Kong”, afirmou o cardeal. Ele concluiu a carta dizendo que “a missa tridentina não divide, pelo contrário, nos une aos nossos irmãos e irmãs de todos os tempos, aos santos e mártires de todos os tempos, àqueles que lutaram pela sua fé e que nela encontraram um alimento espiritual inesgotável”.

Aqui está a carta completa do cardeal Joseph Zen:

“Tenho lido nos jornais notícias bastante preocupantes sobre possíveis restrições à celebração da missa tridentina (a que agora chamamos de forma extraordinária do rito romano). Quero dizer com clareza que não sou considerado um extremista desta forma litúrgica e que trabalhei ativamente, como sacerdote e como bispo, pela reforma litúrgica depois do Vaticano II, procurando também conter os excessos e abusos que, infelizmente, não faltaram nem na minha diocese. Portanto, não serei acusado de ser parcial. Mas não posso negar, pela minha experiência em Hong Kong, as abundantes bondades que vieram com o motu proprio Summorum Pontificum e a celebração da missa tridentina. Aqui temos um grupo de fiéis que há décadas participa desta forma, que vem da riqueza litúrgica da nossa tradição, um grupo que nunca criou problemas para a diocese e cujos participantes nunca questionaram a legitimidade da missa renovada. Muitos jovens passaram pela comunidade que celebra a missa com a forma extraordinária em Hong Kong, e através dela eles redescobriram o sentido de adoração e reverência que devemos a Deus, nosso Criador.

Trabalhei pela reforma litúrgica, como disse, mas não posso esquecer a missa da minha infância, não posso esquecer que em Xangai, quando eu era criança, meu pai era um católico muito devoto e me levava à missa todos os dias. Aos domingos me fazia participar de cinco missas! Senti tanta reverência, fiquei tão fascinado (e ainda estou!) pela beleza do canto gregoriano, que acho que essa experiência alimentou a minha vocação ao sacerdócio, como a tantos outros. Lembro-me de muitos fiéis chineses (e não creio que todos soubessem latim ...) participando com grande entusiasmo daquelas cerimônias litúrgicas, como agora posso testemunhar na comunidade que participa da missa tridentina em Hong Kong.

A missa tridentina não divide, pelo contrário, nos une aos nossos irmãos e irmãs de todos os tempos, aos santos e mártires de todos os tempos, àqueles que lutaram pela sua fé e que nela encontraram um alimento espiritual inesgotável”.

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