O Cardeal John Henry Newman se converteu ao catolicismo depois de mais de 40 anos como anglicano e, em 13 de outubro deste ano, será canonizado pelo Papa Francisco. O porta-voz da canonização, Jack Valero, explicou a importância do próximo santo, tanto para a Igreja Católica, como para a Igreja Anglicana.

Em 1º de julho, o Papa Francisco aprovou o milagre que permite a canonização do Cardeal Newman. Trata-se da cura de Melissa Villalobos, uma mãe nos Estados Unidos que, estando em grave risco de morrer, pediu ajuda ao futuro santo e foi curada total e repentinamente.

Jack Valero, porta-voz desta canonização, lembrou que tanto o milagre da beatificação em 2010, que foi a cura do Diácono Jack Sullivan, como a cura de Melissa Villalobos, começaram através de um programa da EWTN.

"Os dois milagres começam iguais. O diácono Sullivan e Melissa assistem a um programa da EWTN sobre o Cardeal Newman e quando, anos depois, precisam de ajuda, pedem para ele. Graças ao trabalho da EWTN, conheceram o Cardeal Newman", destacou.

"No ano 2000, Melissa assistiu a um programa sobre o Cardeal Newman na EWTN e ficou profundamente impressionada. Pediu mais informações e mandaram um santinho para ela com o qual rezava com frequência, porque tinha muita devoção por ele", assegurou o porta-voz.

Treze anos se passaram e Melissa continuava rezando ao Cardeal Newman. Em 2013, Melissa estava grávida de sua quinta filha e sofreu uma ruptura da placenta e um sangramento muito intenso.

"Conseguiram estabilizá-la e os médicos disseram que deveria ter um repouso absoluto, porque se ela não o fizesse, era muito provável que tanto ela como sua filha morressem. Poucos dias depois, estando sozinha em casa com os seus quatro filhos, voltou a sangrar muito intensamente”.

"Ela se trancou no banheiro enquanto estava sangrando e achou que ia morrer. Naquele momento, rezou: ‘Cardeal Newman, que pare o fluxo de sangue’. E cessou totalmente e imediatamente. Poucas horas depois, pôde ir ao hospital e, no exame médico, disseram-lhe que não tinha nada, que estava completamente curada", assegurou Valero.

"A filha de Melissa nasceu perfeitamente saudável e ela também não sofreu nenhuma consequência. De fato, depois teve mais dois filhos. Melissa, seu marido e seus sete filhos estarão presentes na canonização", afirmou.

Valero explicou ao Grupo ACI que "o Papa Francisco realizará a cerimônia de canonização no dia 13 de outubro e talvez o Papa Emérito Bento XVI também participe, já que é um especialista mundial sobre o Cardeal Newman".

O Cardeal Newman foi uma figura especialmente importante na Igreja Anglicana antes de se converter ao catolicismo. Diante da notícia da canonização, a Igreja Anglicana enviou uma declaração na qual manifestou sua alegria com este evento.

"A Igreja Anglicana disse que estão alegres por esta canonização porque o Cardeal Newman viveu 44 anos como anglicano, cresceu no anglicanismo. Newman é uma figura que une mais os católicos e anglicanos”, destacou Valero.

De fato, o Cardeal Newman foi um dos principais promotores do chamado "Movimento de Oxford", que tentou demonstrar que a Igreja Anglicana descende dos apóstolos. Algo que o fez refletir profundamente sobre a Igreja Católica e assumir uma posição mais próxima de Roma, o que o levou a se converter.

Uma conversão que levou anos para ocorrer e, por isso, o porta-voz da canonização destaca especialmente "a honestidade intelectual do Cardeal Newman" em todo este processo.

"Era um homem que levava sua religião muito a sério, lia os padres da Igreja na versão original, estudava-os e isso o levou a questionar-se sobre tudo o que havia aprendido anteriormente. Desenvolve suas ideias, até que deixa seu cargo como capelão em Saint Mary’s Church, em Oxford, e se retira para discernir qual é o seu próximo passo. Seu anglicanismo era tão profundo que levou anos para se converter. De fato, quando se converte oficialmente, sofre a rejeição de todos, de seus amigos, da sociedade, tem que deixar o emprego... Mas abriu o caminho para outros, como Chesterton, Oscar Wilde... que se converteram ao catolicismo no final do século XIX e que não sofreram tanta rejeição como ele", explicou Valero.

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