Apesar da resposta clara do Vaticano, aprovada pelo Papa Francisco, reafirmando que as uniões homossexuais não podem ser abençoadas por padres católicos, o Cardeal Philippe Ouedraogo, de Burkina Faso, predicou sobre a doutrina explicitada pelo “responsum” da Santa Sé e exortou os cristãos a oporem-se a qualquer forma de casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O Cardeal Philippe Ouedraogo, fez um sermão “vibrante” durante a vigília da Páscoa, no qual exortou as famílias cristãs da África a rechaçar propostas legislativas que estão avançando em alguns países do continente, financiadas por "lobbies" que promovem o "casamento entre pessoas do mesmo sexo" e as equiparam ao matrimônio.

“Enquanto eles abraçam valores positivos da modernidade como sujeitos ativos do futuro do mundo, as famílias cristãs devem se rebelar contra este imperialismo de certos lobbies e associações que querem aprovar e promover o casamento homossexual e a libertinagem”, advertiu o cardeal.

O cardeal também rejeitou a poligamia e o adultério em sua homilia, afirmando que a "indissolubilidade" do casamento cristão permanece uma questão inegociável para a Igreja e o Magistério.

No mesmo sermão o Cardeal condenou ainda a "imposição insidiosa de métodos anticoncepcionais e anti-natalistas” às mulheres africanas, relatou o diário "Il Messaggero".

O cardeal burquinense não é o único prelado africano a opor-se às bênçãos para uniões do mesmo sexo. Em várias ocasiões - inclusive antes do responsum - os episcopados africanos expressaram rechaço às leis que equiparam a união homossexual ao casamento, que estão em debate em vários parlamentos do continente.

A acolhida da África contrasta com a postura de alguns bispos e padres na Europa.
Na Alemanha, a resposta encontrou a resistência do presidente da Conferência Episcopal, Dom Georg Bätzing, apoiado pelo do influente Cardeal Reinhard Marx de Munique e os bispos Franz-Josef Bode, Franz-Josef Overbeck, Peter Kohlgraf e e Helmut Dieser, que se manifestaram a favor de um ritual de bênçãos para parceiros homossexuais. Por parte do episcopado austríaco, o Cardeal Christoph Schönborn, emérito de VIene, um dos teólogos envolvidos na redação do Catecismo da Igreja Católica promulgado por S. João Paulo II, surpreendeu ao mostrar-se descontente com a decisão do Vaticano e foi acompanhado por uma associação de padres austriacos que afirmaram que seguirão abençoando estas uniões. Por parte do episcopado belga, o bispo de Antuérpia Dom Johan Bonny, declarou-se “envergonhado” pela negativa, recebendo o apoio da Conferência Episcopal do seu país. 

Houve resistência semelhante dos bispos africanos às ​​posturas do episcopado alemão durante os sínodos da família e logo após a publicação da  exortação Amoris Laetitia.

A Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, com o consentimento pessoal do Papa Francisco, rejeitou categoricamente os apelos para a criação de uma bênção ritual das uniões homossexuais e pronunciou-se definitivamente sobre a questão em um responsum ad dubium (resposta à dúvida) em meados de março. O responsum diz que a Igreja não está na capacidade de abençoar estas uniões porque não pode abençoar o pecado.

A resposta do Vaticano foi recentemente reafirmada por outros cardeais da Igreja como o Arcebispo de Colônia (Alemanha), Dom Rainer M. Woelki, por Dom Sean O'Malley (Arcebispo de Boston), Dom Peter Turkson (Prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral) e Dom Kevin Farrell (Prefeito para o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida).

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