O ordinariado militar da Espanha pediu que capelães e fiéis “ofereçam a Eucaristia” e suas orações pelo retorno dos militares, corpo diplomático e colaboradores do Afeganistão. Durante 20 anos, mais de 27 mil soldados participaram da missão espanhola no Afeganistão.

O ordinário militar, padre Carlos Jesus Montes, afirmou que além de oferecer a Eucaristia por essa intenção, os capelães militares pedirão na liturgia das horas e na oração pessoal “pelo êxito da missão e o feliz regresso à casa dos nossos companheiros, compatriotas e colaboradores”.

O padre Montes informou a decisão à ministra da Defesa, Margarita Robles, “em atenção à complexidade e riscos da operação que está sendo realizada, bem como à própria situação no Afeganistão”.

O repatriamento dos espanhóis do Afeganistão ocorre após o país ter sido ocupado pelos talibãs, que em apenas três semanas conseguiram controlar as principais capitais do país e tomar a capital Cabul, forçando a fuga do presidente Ashraf Ghani.

No momento da entrada dos talibãs em Cabul, em 14 de agosto de 2021, só restavam os funcionários da Embaixada da Espanha no Afeganistão. As últimas tropas espanholas deixaram o país em 13 de maio.

Os militares espanhóis concentraram-se principalmente na assistência médica, aviões de transporte, navios e helicópteros. Em 2004, a Espanha assumiu o comando da base de Herat, onde construiu um hospital de campanha e liderou a reconstrução de Qala-i-Naw. Nos 20 anos de presença espanhola no Afeganistão, cerca de 100 militares espanhóis morreram e o governo espanhol gastou cerca de 3,5 mil milhões de euros com as Forças Armadas.

No dia 18 de agosto, o primeiro avião A400M das Forças Armadas espanholas chegou a Cabul para evacuar o primeiro grupo de espanhóis e colaboradores afegãos, após a tomada do poder pelos talibãs. O avião permaneceu em solo afegão por menos de uma hora e, logo, voltou para a Espanha.

Também está prevista a repatriação de vários intérpretes de nacionalidade afegã com as suas famílias. Existe o receio de que os talibãs elaborem uma lista de organizações e pessoas considerados inimigos do país ou traidores.

A lista poderia incluir cidadãos estrangeiros e afegãos que tenham colaborado ou trabalhado com entidades estrangeiras. Segundo notícias locais, milícias muçulmanas estão tocando nas portas das casas para identificar algumas pessoas.

O ministério da Defesa espanhol não informou quantas pessoas viajaram nesse primeiro voo de repatriamento, mas estima-se que tenham sido menos de 100. O avião A400M tem capacidade para 116 pessoas.

Outros dois voos partiram ontem, 18, da Espanha com destino ao Afeganistão para o repatriamento do pessoal restante que ainda se encontra no país.

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