O presidente da Comissão de Migrações da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, na sigla em inglês), Dom Joe S. Vásquez, expressou a sua oposição à decisão do governo de encerrar um programa que permitia que as crianças e os adolescentes da Guatemala, El Salvador e Honduras encontrassem refúgio no país norte-americano.

“A Secretaria Interina de Segurança Nacional cancelou o programa de Permissões Humanitárias Menores em Honduras, El Salvador e Guatemala (CAM) a partir do dia 16 de agosto de 2017. Consequentemente, já não serão considerados automaticamente os pedidos apresentados por pessoas que estão em situação de refugiado em El Salvador, Guatemala e Honduras sob o programa de Licenças Humanitárias”, informou o site do Serviço de Imigração e Cidadania do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos em 15 de agosto.

Dom Vásquez, Bispo de Austin que atualmente está em El Salvador, assinala que a eliminação deste programa põe em perigo a vida de crianças vulneráveis e as coloca em risco de receber danos ainda mais graves.

“Eu e os meus irmãos bispos estamos profundamente decepcionados pela decisão da administração de acabar com a opção de admissão condicional do programa CAM”.

“Ao acabar com a opção de admissão condicional, a administração optou desnecessariamente por cortar alternativas comprovadas e seguras à migração irregular e perigosa das crianças na América Central”, indicou o Prelado em um comunicado emitido em 21 de agosto.

Através da CAM, desde 2014, foram examinados milhares de casos de crianças e jovens com parentes com uma situação legal nos Estados Unidos e que pediam a condição de refugiados.

Aqueles que não qualificavam eram levados em consideração para receber uma licença de admissão condicional que não superava os 2 anos.

“O Papa Francisco nos pediu para proteger as crianças migrantes, assinalando que ‘entre os migrantes, as crianças constituem o grupo mais vulnerável’”, recordou Dom Vásquez.

Em seguida, garantiu que os bispos do seu país apoiam o programa CAM porque “proporcionou uma forma legal e organizada a fim de que as crianças emigrassem para os Estados Unidos e se reunificassem com as famílias”.

Nesse sentido, o Prelado garantiu que “eliminar o programa de admissão condicional não promoverá a segurança dessas crianças, nem ajudará o nosso governo a regular a migração”.

“Em El Salvador, vimos em primeira mão os verdadeiros problemas que essas crianças enfrentam. A Igreja, com sua presença mundial, percebe esta violência e perseguição todos os dias, em abrigos de migrantes e em centros de repatriação”, afirmou.

Finalmente, o Bispo de Austin afirmou que as crianças “devem ter a capacidade de permanecer em seus países de origem e encontrar oportunidades, mas também devem poder sair e migrar com segurança para encontrar proteção quando não há alternativas”.

“O programa de liberdade condicional do CAM ofereceu uma parte dessa solução, uma maneira legal de emigrar para as crianças mais vulneráveis”, concluiu.

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