Diante do escândalo das denúncias de abusos sexuais cometidos por vários padres na Bolívia, os bispos do país reconheceram “ter feito parte” da “profunda dor causada a pessoas inocentes” e anunciaram a criação de comissões para investigar os casos.

Em um comunicado divulgado ontem (24) pela Conferência Episcopal Boliviana (CEB) e assinado pelos “bispos da Bolívia”, eles informam ter recebido a visita de monsenhor Jordi Bertomeu, oficial do dicastério para a Doutrina da Fé e especialista na luta contra os abusos.

Como fruto do diálogo que tiveram com Bertomeu, os bispos da Bolívia reconhecem ter sido parte do tratamento deficiente de muitos casos.

“Temos a certeza de que participamos, direta ou indiretamente, de uma dor profunda causada a pessoas inocentes que foram vítimas de abuso sexual e de gestão insuficiente da situação, diante de uma realidade realmente difícil de entender”, disseram os bispos.

No comunicado, os bispos dirigiram algumas palavras às vítimas e a todos os afetados, dizendo que “em vez de lhes dar a proteção e o cuidado que mereciam, encontraram uma Igreja surda aos seus sofrimentos”.

“Sabemos que não há como compensar os danos causados, mas nos comprometemos a fazer todo o possível para acompanhar e buscar reparação, com o apoio de profissionais que ofereçam assistência e ajudem a curar as feridas e cicatrizes”, acrescentaram.

Os bispos disseram que nos últimos anos avançaram na cultura contra o abuso com o estabelecimento de protocolos, códigos de conduta e formação de agentes pastorais no tratamento de denúncias.

Eles reconheceram, no entanto, que tudo isso foi insuficiente e que “não demos a resposta que devíamos aos nossos fiéis e à sociedade em geral”.

Anunciaram que vão criar uma Comissão Nacional de Escuta e uma Comissão Nacional de Investigação, com as quais vão procurar os responsáveis ​​e apurar o ocorrido. Isso estará junto com o trabalho de prevenção que deve ser feito em toda a Igreja.

Os bispos exortaram todos aqueles que foram vítimas de abusos, ou que conhecem algum caso, a irem aos locais onde a Conferência receberá denúncias e às autoridades públicas para divulgar esses crimes.

Por fim, reiteraram seu compromisso de agir com transparência perante a opinião pública e de colaborar com as investigações dos órgãos de justiça do país. Anunciaram também que vão comunicar “oportunamente” os progressos que estão sendo feitos.

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