ALMERÍA, 26 de mar de 2007 às 10:35
O Bispo de Almería, Dom Adolfo González Montes, fez um chamado aos cidadãos a viver uma Semana Santa profunda, que expresse publicamente a fé que cada um vive privadamente.
Em uma recente mensagem, Dom González assegurou que "a Semana Santa é para vivê-la sem adulterá-la, como antídoto contra a proposta reiterativa e a tentação de uma sociedade sem religião, absorvida por um modelo de Estado no qual não cabe outra consideração positiva da religião senão a que permite sua redução a meras crenças privadas".
"A fé é, certamente, privada por ser opção que não se impõe mas sim se propõe às pessoas particulares, mas é realidade pública por quanto afeta à vida inteira das pessoas fiéis; e por ser participada por grandes maiorias sociais e culturais que é impossível reduzir ao silêncio, como se Cristo não tivesse padecido por nós. Se o Estado laicista não quer reprimir a liberdade de religião terá que respeitar as manifestações públicas de fé porque a sociedade é livre para levá-las a cabo, protegendo sempre o bem comum e a ordem social", advertiu.
O Bispo afirmou que "os acreditam em Cristo não podem deixar de dar testemunho que sua morte e ressurreição mudaram o sentido da vida dos milhões de seres humanos, que, geração após geração desde que ele passou por nosso mundo, encontraram a ação salvadora de Deus em sua morte e glória, porque nelas conheceram a revelação definitiva do amor misericordioso de Deus".
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Dom. González recordou que as manifestações de religiosidade popular do Tríduo Pascal, de particular beleza na Espanha, "são expressão depurada do amor por Cristo e sua Santíssima Mãe, manifestado na veneração das sagradas imagens".
"Nestes desfiles os fiéis colocam alma e corpo, ilusão e calor humano e fé religiosa em tal grau que os confrades, devotos acompanhantes das imagens de Cristo e Maria, parecem ter vivido durante todo o ano para a encenação de seu devoto ardor pela dor de ambos como expressão de amor que só com amor se paga", indicou.
"Contudo, na Semana Santa convergem várias e diversas circunstâncias culturais e interesses sociais, que fazem dela um bem patrimonial e um recurso de influência social. A Semana Santa evidencia que os sentimentos religiosos dos povos de tradição cristã afundam tão profundamente suas raízes na fé que seu desarraigo institucional não significa indiferença ante a vida da Igreja. Daí que tenhamos que vigiar para manter a identidade da Semana Santa, livre de manipulações, para que não se produza sua redução a mera cultura tradicional, cedendo a interesses espúrios, que não se compadecem com os sentimentos religiosos inspirados por uma fé reta e a comunhão eclesiástica dos confrades", assinalou.
Do mesmo modo, exortou "a todas as confrarias e a todo o povo cristão a secundar com fé uma tradição cristã que vê um tempo para a salvação, fruto da misericórdia infinita de Deus, nas celebrações litúrgicas da Semana Santa, e nas procissões como nos atos de piedade que as acompanham. A grande semana da fé convida a não transitar pelas celebrações pascais como se a elas não tivéssemos chegado pelo caminho penitencial da Quaresma em perseguição ascética de uma mudança de vida necessária para salvar-se. Porque o Senhor passa e bate na porta convém estar vigiando e não deixar que ficando sem o efeito benéfico de sua passagem redentora".

