O jornalista alemão e biógrafo do papa Bento XVI, Peter Seewald, divulgou a carta em que o papa disse a ele porque renunciou.

A carta datada de 28 de outubro de 2022, foi publicada na última edição da revista alemã Focus. Nela, Bento XVI diz que o motivo "foi a insônia que me acompanhava ininterruptamente desde a Jornada Mundial da Juventude em Colônia", Alemanha, em 2005. Foi a primeira JMJ presidida por Bento XVI.

Os “fortes remédios” prescritos por seu médico funcionaram no começo e permitiram sua “disponibilidade”, mas logo “atingiram seus limites” e pararam de fazer efeito.

Um incidente durante a viagem ao México e Cuba em 2012

O papa Bento XVI visitou México e Cuba em março de 2012. Na manhã seguinte à sua primeira noite no México, o papa pegou seu lenço, como costumava fazer, e viu que estava "totalmente encharcado de sangue".

"Devo ter tropeçado em alguma coisa no banheiro e caí", diz ele na carta. Um cirurgião "felizmente" conseguiu tratar as lesões para que não ficassem visíveis.

Depois, o médico pessoal de Bento XVI lhe pediu que reduzisse os comprimidos para dormir e insistiu que, a partir daquele momento e nas outras viagens, só estivesse disponível de manhã.

Bento XVI deixou claro que essas restrições “só poderiam ser aplicadas por um curto período de tempo”.

O papa e seu secretário pessoal, o arcebispo Georg Gänswein, disseram separadamente que a decisão de renunciar amadureceu depois dessa viagem. Bento XVI renunciou em 11 de fevereiro de 2013.

Seewald confirmou à KNA (Agência Católica Alemã de Notícias) que Bento XVI “não quis fazer escândalo em vida sobre as circunstâncias mais detalhadas de sua renúncia, justificada por seu esgotamento”.

O biógrafo disse que os rumores e especulações sobre os motivos de sua renúncia, que incluiriam "chantagem ou outro tipo de pressão", não pararam depois da morte de Bento XVI, em 31 de dezembro de 2022.

Por isso, disse, sentiu-se obrigado a revelar "o detalhe decisivo que” lhe “foi confiado da história clínica do papa alemão".

“Espero que isso ponha fim de uma vez por todas às teorias conspiratórias e especulações errôneas”, disse.

Em 2010, em seu livro-entrevista "Luz do mundo", o papa Bento XVI disse a Seewald "em termos inequívocos" "que faria uso da opção de renunciar assim que suas forças não o permitissem mais exercer o cargo de Pedro”.

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