A farmacêutica alemã Bayer anunciou na quinta-feira, 20 de agosto, que vai pagar 1,6 bilhão de dólares para resolver milhares de ações judiciais de mulheres nos Estados Unidos que alegaram que seu dispositivo anticoncepcional Essure causou sérios danos à saúde.

Essure é um dispositivo anticoncepcional implantável que bloqueia permanentemente as trompas de falópio e, portanto, a passagem dos óvulos para o útero.

"A Bayer anunciou hoje que chegou a acordos com os escritórios de advocacia dos demandantes para resolver aproximadamente 90% do total de quase 39 mil ações apresentadas e não arquivadas do Essure™, nos Estados Unidos, envolvendo mulheres que alegam ferimentos relacionados ao dispositivo", disse declaração emitida pela empresa farmacêutica em 20 de agosto.

"A empresa pagará aproximadamente 1,6 bilhão de dólares para resolver essas reclamações, incluindo uma provisão para reivindicações pendentes, e está em diálogos de resolução com os advogados dos demandantes restantes", acrescentou Bayer, destacando também a exigência de “que os demandantes em conciliação encerrem seus processos ou não os apresentem”.

A empresa alemã lembrou que em 2018 “anunciou a suspensão voluntária das vendas e distribuição do Essure™ nos Estados Unidos, que seguiu a uma ação semelhante em todos os outros mercados um ano antes”. Segundo a entidade, a decisão se baseou em "uma diminuição nas vendas" nos últimos anos.

No entanto, de acordo com o The Wall Street Journal, a disposição veio dois anos após uma decisão da Food and Drug Administration (FDA) "que exigia que o dispositivo incluísse advertências em caixas sobre possíveis efeitos colaterais graves".

"Posteriormente, o FDA exigiu que os pacientes e médicos assinassem um formulário aceitando os riscos associados ao Essure", acrescentou o jornal norte-americano.

Por sua vez, o meio alemão DW, explicou que as mulheres demandantes relataram efeitos colaterais causados ​​pelo dispositivo, como "dor persistente, desenvolvimento de um orifício no útero ou trompas de falópio, e movimentação do dispositivo pelas trompas de falópio para a pelve ou abdômen”.

“Os estudos sobre a segurança do dispositivo Essure continuaram, mesmo após sua retirada do mercado”, destacou o meio local.

Este não é o único acordo monetário alcançado pela Bayer com pessoas prejudicadas por seus produtos. Em junho de 2020, a empresa enfrentou dezenas de milhares de ações judiciais que vinculavam seu herbicida Roundup Maker a casos de câncer e, portanto, desembolsou a quantia de 10 bilhões para chegar a acordos.

Em 2014, a Bayer também reconheceu que pagou cerca de dois bilhões de dólares em indenizações por reclamações de danos causados ​​por seus anticoncepcionais orais Yasmin, Yaz, Ocella e Gianvi nos Estados Unidos.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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