O Papa Francisco exortou os cristãos a viver a religião sem hipocrisias, contra toda a contaminação mundana ou formalismos legalistas.

Durante a oração do Ângelus na manhã de hoje, na Praça de São Pedro, o Santo Padre recordou a objeção que os escribas e os fariseus dirigem a Jesus: “Um homem, uma mulher, que vive na vaidade, na avareza, na soberba e ao mesmo tempo acredita e se mostra como religioso e até mesmo chega a condenar os outros é um hipócrita”.

Em suas palavras, explicou que no Evangelho do dia, São Marcos, aborda um tema importante para todos nós crentes: “a autenticidade de nossa obediência à Palavra de Deus, contra toda contaminação mundana ou formalismo legalista”.

“A narrativa começa com a objeção que os escribas e os fariseus dirigem a Jesus, acusando os seus discípulos de não seguirem os preceitos rituais segundo as tradições. Deste modo, os interlocutores pretendiam atingir a confiabilidade e autoridade de Jesus como Mestre”, assinalou o Papa ante os 25.000 fiéis reunidos na Praça.

Entretanto, no Evangelho mostra como Jesus responde aos escribas e fariseus com estas palavras: “Em Isaías profetizou sobre vocês, hipócritas, como está escrito: ‘Esse povo me honra com os lábios, mas o coração deles está longe de mim. Em vão me prestam culto, porque ensinam preceitos humanos”. "Palavras claras e fortes!", exclamou Francisco.

O Papa explicou que "'hipócrita' é um dos adjetivos mais fortes que Jesus usa no evangelho, e o pronuncia dirigindo-se aos mestres da religião, doutores e escribas".

"Jesus, de fato, quer sacudir os escribas e os fariseus do erro em que eles caíram, e qual é este erro? O de desvirtuar a vontade de Deus negligenciando seus mandamentos para observar as tradições humanas. A reação de Jesus é severa porque é grande o que está em jogo: trata-se da verdade da relação entre o homem e Deus, da autenticidade da vida religiosa”.

"O hipócrita é um mentiroso, não é autêntico", assegurou.

Nesse sentido, “também hoje o Senhor nos convida a fugir do perigo de dar mais importância à forma do que à substância. Nos chama a reconhecer, sempre de novo, aquele que é o verdadeiro centro da experiência da fé, isto é, o amor de Deus e o amor ao próximo, purificando-a da hipocrisia do legalismo e do ritualismo”.

“A mensagem do Evangelho hoje também é reforçada pela voz do Apóstolo Tiago, que nos diz em síntese como deve ser a verdadeira religião: ‘Verdadeira religião é visitar os órfãos e as viúvas no sofrimento e não se deixar contaminar por este mundo’”.

Explicou que “’Visitar órfãos e viúvas’ significa praticar a caridade com o próximo, começando pelas pessoas mais necessitadas, mais frágeis, mais marginalizadas. São as pessoas de quem Deus cuida de forma especial e pede a nós para fazer o mesmo”.

“Não deixar-se contaminar por este mundo não significa isolar-se e fechar-se à realidade”, sublinhou. “Também aqui não deve ser uma atitude exterior, mas interior, de substância, que significa vigiar para que o nosso modo de pensar e agir não seja poluído pela mentalidade mundana, isto é, pela vaidade, avareza, soberba”.

Finalmente, o Papa propôs: “Façamos um exame de consciência para ver como acolhemos a Palavra de Deus. No domingo a escutamos na missa. Se a escutarmos de maneira distraída ou superficial, ela não nos servirá muito”.

“Em vez disso, devemos acolher a Palavra com mente e coração abertos, como um terreno bom, para que seja assimilada e produza frutos na vida concreta. Jesus diz que a Palavra de Deus é como o trigo, é uma semente que deve crescer nas obras concretas. Assim a própria Palavra nos purifica o coração e as ações e a nossa relação com Deus e com os outros é libertada da hipocrisia”, concluiu.

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