Em conferência virtual nas redes sociais da arquidiocese, dom Castillo Mattasoglio, no cargo desde março de 2019, disse que “o ser humano é um ser para nascer e renascer” e lamentou que “toda a filosofia moderna é sobre a morte”. O arcebispo exemplificou seu postulado lembrando o enterro das múmias “para que renasçam caminhando", para que possam “subir aos cumes das colinas, onde está a água e onde está a vida”. “E nas culturas antigas, o cadáver era colocado em posição de feto para que renasça", acrescentou.

Declarações do arcebispo de Lima, dom Carlos Castillo (em espanhol).

Para o bispo, “há uma filosofia da vida cotidiana, da simplicidade do povo, que temos que retomar”. “Eu acho que, como Igreja, vamos ter que trabalhar muito para brindar uma Igreja mais próxima, para que haja mais igualdade”, continuou.

Dom Castillo Mattasoglio disse estar trabalhando nesse sentido nestes momentos. “Fui a Roma, estive muito tempo por lá, um mês. Estou pedindo permissão para várias coisas que não são permitidas, não é?”.

“Por exemplo, (que) me deem permissão para que famílias, ou casais, ou grupos de esposos ou de leigos adultos mais velhos assumam paróquias, porque é melhor mandar os padres estudar um pouco, não é?”, disse o prelado. Ele está propondo “que os leigos façam o papel de párocos ou de chefes das igrejas”.

“Na Europa, em Paris, por exemplo, há muitas coisas das igrejas que foram levantadas por leigos e que mantêm a comunidade cristã, sem precisar dos padres”.

“Depois, há um padre que celebra a missa uma vez por semana ou duas vezes no domingo, o que for. Mas é preciso pensar em formas mais igualitárias, mais próximas”, afirmou.

Dom Castillo também disse que isso é o que significa a “sinodalidade” e “isso foi o que fizemos na consulta realizada na assembleia sinodal” da arquidiocese de Lima.

“Fomos 800 delegados e estivemos de acordo sobre como construir a Igreja de Lima", disse o arcebispo peruano. Ele também afirmou que “o papa quer, no âmbito latino-americano e mundial, que a Igreja consulte como deve ser o futuro e se organize segundo o acordo entre as autoridades e o povo, e avançar assim”.

As “leis” da Igreja se opõem à proposta do arcebispo de Lima

Como reconhece o próprio dom Carlos Castillo Mattasoglio, as “leis” da Igreja, contidas no Código de Direito Canônico, se opõem radicalmente às suas propostas.

As normas “Das paróquias, dos párocos e dos vigários paroquiais” estão compreendidas entre os cânones 515 e 552, e começam dizendo que “a paróquia é uma certa comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igreja particular, cuja cura pastoral, sob a autoridade do Bispo diocesano, está confiada ao pároco, como a seu pastor próprio”.

“Para que alguém seja assumido validamente como pároco, requer-se que esteja constituído na sagrada ordem do presbiterado”, especifica o cânon 521.

O cânon 517 diz que, só de forma excepcional “em virtude da falta de sacerdotes”, as leis da Igreja permitem que o bispo confie o “exercício da cura pastoral” da paróquia “a um diácono ou a outra pessoa que não possua o carácter sacerdotal, ou a uma comunidade de pessoas”.

Mas mesmo nesses casos, o Código de Direito Canônico estabelece que o bispo deve constituir “um sacerdote que, dotado dos poderes e das faculdades de pároco, oriente o serviço pastoral”.

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