Vídeo da oração de Dom Dionísio Ibáñez (em espanhol)

O arcebispo de Santiago de Cuba, dom Dionísio Guillermo García Ibáñez, pediu à Virgem da Caridade, padroeira de Cuba, pela libertação dos presos por causa dos protestos de 11 de julho, em missa na basílica santuário de Nossa Senhora da Caridade do Cobre no dia 18 de julho.

No domingo, 11 de julho, depois de 62 anos de ditadura, milhares de cubanos saíram às ruas para exigir liberdade e mudanças após meses de escassez de alimentos e medicamentos. No entanto, a resposta do presidente Miguel Díaz-Canel foi uma “ordem de combate” em oposição aos protestos.

Durante as manifestações, ouvimos “dezenas de milhares de pessoas, principalmente jovens” que pediam mudanças, a reivindicação pelo “direito a se expressar”, pelo direito de “ter esperança” e por “uma vida melhor para todos”, disse dom García.

Segundo o arcebispo, a Igreja pediu que “a dignidade e os direitos de cada pessoa sejam sempre respeitados”, porque “todos os homens somos iguais”.

“Nós viemos pedir-te, ó Mãe, que saibamos respeitar-nos uns aos outros, para que ninguém se sinta prepotente e superior aos demais, para que ninguém sinta que tem mais direitos que os outros, ou sobre os outros”, orou o arcebispo durante a missa. “Que cada cubano, ó Mãe, sobretudo cada jovem, pois ele é a Cuba do futuro, tenha a esperança de construir seu próprio futuro e o futuro dos demais, a formar uma família, a não ter que ir embora do país para construir um futuro melhor. Sim mãe, pedimos pelos jovens”, acrescentou.

Pelos “que agora estão presos e por suas famílias" dom García pediu que “haja misericórdia, que as feridas cicatrizem” e possam logo ser libertados, “para que suas famílias tenham sossego”.

“Pedimos-Te, ó Mãe, também para que ninguém pense em convocar à violência, para que ninguém pense em proclamar a diferença irreconciliável. Quanto maior a autoridade, maior a responsabilidade, os pais com os filhos, os governantes com os súditos, que eles nunca busquem a violência, nunca, nunca”, acrescentou.

“Pedimos que haja mudanças, as mudanças necessárias, as mudanças que muitos esperam, as mudanças que dão esperança”, disse o arcebispo. “São necessárias mudanças, porque o povo sofre. Sofre ainda mais agora pela covid, porque vê muitas coisas paralisadas, porque talvez não escuta as respostas viáveis daqueles que têm a responsabilidade de propô-las”, afirmou.

O arcebispo disse que, como pediu São João Paulo II, é necessário dar esperança e sinais de mudança, “que Cuba se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba, que ninguém queira esmagar-nos, porque isso torna a nossa vida mais difícil”.

“Mas antes de tudo, ó Mãe, que os cubanos saibamos respeitar-nos uns aos outros, porque se nós nos respeitamos uns aos outros, o mundo nos respeitará”, acrescentou.

Além disso, pediu pelos pais que sofrem “quando veem seus filhos sem esperança”, que “sofrem em meio à doença da covid”, que “querem o melhor para seus filhos”. Ele pediu que não haja mais ideologias, porque o ser humano está feito “à imagem de Deus e, portanto, merece todo o respeito”.

“Os pais gostariam de dar a seus filhos a educação segundo seus critérios e crenças, gostariam disso. Não gostariam que ninguém mais educasse seus filhos”, mas sim, que eles sejam educados “da maneira que eles creem que deve ser, é um direito que eles têm”, afirmou o arcebispo.

“Dai-nos coragem, dai-nos também misericórdia, dai-nos um espírito fraterno, que reconheçamos no outro um irmão e não um inimigo. Uma pátria, uma casa dividida, se destrói”, acrescentou.

Por fim, o arcebispo pediu à Virgem que dê aos cubanos a segurança de que Jesus “sempre nos acompanha” e que “você quer o melhor para todos”.

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