O Arcebispo de Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), Dom Sergio Gualberti Calandrina, convocou as paróquias da Arquidiocese para realizar um dia de oração no domingo, 25 de agosto, pelos danificados devido aos incêndios na Amazônia, para pedir a Deus por chuvas e para “promover a consciência do cuidado da Casa Comum, tarefa de todos”.

Em comunicado, o Prelado expressou em 22 de agosto sua tristeza e dor pelos incêndios florestais que, no caso da Bolívia, estão afetando as regiões de Chiquitanía e o Chaco, “com enormes danos à saúde humana, às formas de vida das comunidades indígenas, à biodiversidade e aos serviços ambientais”. "Os incêndios que afetam essas áreas, parques nacionais e subnacionais, afetam toda a Bolívia e além de nossas fronteiras", assinalou.

Dom Gualberti assinalou que, "como cristãos, não podemos ficar indiferentes", especialmente quando em outubro será celebrado o Sínodo Pan-Amazônico convocado pelo Papa Francisco.

“Encorajo-vos a dar testemunho da Igreja solidária com as famílias e comunidades afetadas pelos incêndios florestais, enviando suas doações para a Secretaria Departamental de Segurança Cidadã - COED do Governo, localizada na Av. Alemana e 4º Anillo da cidade de Santa Cruz”, pediu o Arcebispo.

As causas na Bolívia seriam as "queimas controladas"

Em sua mensagem, Dom Gualberti assinalou que "não podemos deixar de exercer nossa missão profética, denunciando as causas desses desastres".

"Consideramos irresponsável, por parte do Governo Nacional, o Decreto Supremo nº 3973 de julho passado que autoriza as queimas 'controladas' sem contar com as condições e mecanismos para o controle efetivo das mesmas, fato que favorece os ‘chaqueos’ ilegais", denunciou, em referência à queima de áreas florestais para expandir a terra e a pecuária.

"Por outro lado, é um sinal óbvio de desconhecimento que, nesta estação do ano no leste da Bolívia, há fortes ventos quase sempre acompanhados de secas prolongadas", acrescentou.

O Arcebispo de Santa Cruz pediu que o desastre ecológico "desperte uma maior consciência de que o destino das gerações presentes e futuras está intimamente ligado ao destino da natureza, criatura de Deus e que assumimos o cuidado da criação".

Na Amazônia, a floresta tropical mais extensa do planeta, registram-se há cerca de 18 dias grandes incêndios que afetaram principalmente o Brasil e a Bolívia, mas também a área onde esses dois países fazem fronteira com o Paraguai.

A extensão dos incêndios pode ser vista através do site windy.com, que mostra no mapa da América do Sul os pontos vermelhos que indicam altas concentrações de monóxido de carbono, que é um indicador de um incêndio ativo.

Até agora, no Brasil, o fogo devastou mais de 500 mil hectares de florestas, plantações e pastagens, gerando contaminação por monóxido de carbono em áreas próximas. Os estados do Acre e do Amazonas foram declarados em emergência ambiental, enquanto na segunda-feira parte dos estados de Mato Grosso do Sul e Paraná, e a cidade de São Paulo foram afetados pela fumaça intensa proveniente dos incêndios e provocando um escurecimento do céu em plena tarde.

Na Bolívia, o vice-presidente Álvaro García Linera disse que os incêndios afetaram cerca de 600 mil hectares em Chiquitanía, no departamento de Santa Cruz.

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