O Arcebispo de Juiz de Fora (MG), Dom Gil Antônio Moreira, expressou sua perplexidade diante das medidas estabelecidas pela prefeitura local devido à pandemia de Covid-19, as quais impõem mais restrições a igrejas do que a praças de alimentação.

Na última semana, a Prefeitura chegou a anunciar que Juiz de Fora entraria na Onda Vermelha do programa estadual "Minas Consciente", a fase mais restritiva das medidas de prevenção ao coronavírus.

Entretanto, na sexta-feira, 4 de dezembro, a Prefeitura voltou atrás e decidiu manter o município na Onda Amarela.  A decisão foi tomada pelo Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19, que definiu algumas medidas que devem ser adotadas na cidade.

Entre tais medidas está a determinação de que templos religiosos funcionem com, no máximo, 20% da capacidade e que Missas e cultos tenham duração máxima de 45 minutos.

Por outro lado, as praças de alimentação em todos os empreendimentos comerciais poderão funcionar com, no máximo, 50% de capacidade.

Diante disso, Dom Gil Antônio afirmou que é “incompreensível por que praças comerciais de alimentos podem funcionar com 50% de sua capacidade de fregueses, sem restrição de horários, e as igrejas, que são lugares muito mais seguros, que cuidam com muito mais rigor do distanciamento, uso de máscara, higienização das mãos repetidas vezes numa única celebração, tapetes químicos e medição de temperatura, devem funcionar apenas com 20% do espaço e restringir suas celebrações em apenas 45 minutos”.

“Leve-se em consideração que estamos para celebrar, nas igrejas, a segunda mais importante liturgia do ano, que é o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, festa que se caracteriza pela harmonia, pela ternura e pela paz. Incompreensível!”, concluiu.

No último dia 1º de dezembro, o Arcebispo havia determinado a suspensão da participação presencial em celebrações e da realização de sacramentos até o dia 15 de dezembro. A decisão foi tomada devido ao novo aumento do número de casos e mortes em decorrência da Covid-19 na região.

Dom Gil deu liberdade aos párocos e administradores de paróquias do interior com relação à realização de Missas ao ar livre e para cumprir os agendamentos já realizados pelos fiéis.

O Prelado ressaltou a esperança de que a realidade da pandemia tenha melhorado na segunda metade do mês, para que os arquidiocesanos possam celebrar, da melhor forma, a Festa do Natal do Senhor.

Com a sua manifestação sobre as medidas restritivas impostas pelo governo local, o Arcebispo se soma a outros bispos que manifestaram seu repúdio diante de medias das autoridades de saúde.

Na semana passada, o Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, lamentou que uma celebração de Crisma tenha sido interrompida na cidade de Botuverá (SC), por autoridades que alegaram que se estava violando as normas de prevenção contra Covid-19.

“Tenho lido nos noticiários que tais fatos acontecem em regiões onde há perseguição contra os cristãos. Aproveitam quando a comunidade está reunida para atacar”, declarou o Dom Jönck.

Já o Bispo de Frederico Westphalen, Dom Antônio Carlos Rossi Keller, criticou medidas do governo do Rio Grande do Sul que restringiam a capacidade das igrejas a 10% ou 30 pessoas, além de proibir “distribuição de alimentos e bebidas”.

Conforme indicou o Prelado, essa medida poderia “significar a arbitrariedade de se impedir a distribuição da Sagrada Eucaristia”.

“As autoridades sanitárias pretendem culpar a Igreja pela situação em relação ao aumento de casos do COVID 19 no Estado”, afirmou.

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