O bispo de Algarve, Portugal, dom Manuel Quintas, afirmou que “a recente aprovação parlamentar da eutanásia e do suicídio assistido” no país contrasta “com o espírito e os valores natalícios”. Em sua mensagem de Natal, o bispo lamentou que os parlamentares portugueses não se empenhem da mesma forma para promover os cuidados paliativos.

A lei que regula a eutanásia em Portugal foi aprovada pela Assembleia da República no dia 9 de dezembro e seguiu para apreciação do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que pode promulgar, vetar ou pedir a fiscalização preventiva do texto ao Tribunal Constitucional.

No ano passado, duas versões da lei da eutanásia já tinham sido aprovadas pelos parlamentares e vetadas pelo presidente Rebelo de Sousa. A primeira foi aprovada em janeiro e vetada em março por inconstitucionalidade. A segunda foi aprovada pelo Parlamento no início de novembro e vetada pelo presidente no mesmo mês.

“Estranhamos como os que legislam e nos governam não colocam o mesmo empenho e a mesma determinação, em dotar o nosso sistema de saúde de cuidados paliativos acessíveis a todos, tão fundamentais para combater e aliviar o sofrimento”, afirmou dom Quintas em mensagem de vídeo. Par o bispo, “infelizmente”, os cuidados paliativos “constituem verdadeira ‘miragem’ entre nós, levando-nos a considerar o recurso à eutanásia e ao suicídio assistido, como uma solução mais rápida e menos onerosa”.

Dom Manuel Quintas pediu “que ninguém se sinta constrangido a este recurso por falta de assistência”. “Acompanhar e confortar os que sofrem e os que deles cuidam, ajuda a restabelecer a esperança e é sinal de dignificação da vida humana até ao seu termo natural. O acolhimento, a defesa e a promoção da vida situa-se para além da ordem legislativa e jurídica”, disse.

O bispo também citou uma nota da Conferência Episcopal Portuguesa, ao apelar às famílias e aos profissionais de saúde para que “rejeitem as possibilidades abertas pela legalização da eutanásia e do suicídio assistido e nunca deixem de testemunhar que a vida humana é sempre um dom precioso”.

“O Natal vem confirmar-nos de que Deus é fonte de vida. Ele vive desde sempre e para sempre. E também nós ‘nele vivemos, nos movemos e existimos’. O dom divino da vida atinge a sua expressão máxima em Jesus Cristo”, afirmou.

Segundo o bispo de Algarve, “acolher, promover, defender, festejar a vida como o dom por excelência de Deus é a grande lição que reaprendemos em cada Natal e em cada nascimento de um novo ser humano”.

Ajuda à Ucrânia

Em sua mensagem de Natal, dom Manuel Quintas também pediu ajuda para a Ucrânia. Recordou que “na próxima noite de Natal, cumprem-se dez meses” do início da guerra na Ucrânia.

Segundo ele, em carta aos bispos portugueses, o arcebispo da igreja greco-católica de Kiev, Sviatoslav Schevchuk, descreveu “o sofrimento, a destruição e a morte provocada por esta guerra” e reconheceu “o apoio e a solidariedade dos diferentes países da Europa e do resto do mundo”

Dom Quintas disse que o arcebispo Schevchuk pediu um “urgente apoio financeiro”, para a continuidade do auxílio aos mais necessitados, a manutenção do seminário maior e a sustentação do clero.

O bispo fez um apelo “à conhecida generosidade das comunidades cristãs algarvias, bem como a todos quantos de boa vontade a elas se unirem, na resposta a este pedido”. “. Que a vossa ajuda possa significar para cada um de vos mais um lugar à mesa na ceia de Natal com a vossa família”, afirmou.

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