As cenas de crianças, homens e mulheres sofrendo de fome na Síria tomaram as redes sociais e a mídia nos últimos dias comovendo o mundo. Em consonância com esta denúncia sobre o drama vivido em algumas cidades deste país, o coordenador internacional para os projetos no Oriente Médio da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Padre Andrzej Halemba, constatou que a comida se transformou na “arma mais mortal” na guerra civil em curso no país, onde o quilo do arroz chega a cerca de 600 reais.

O sacerdote afirmou que tanto “as forças governamentais como os rebeldes” estão bloqueando a entrega da “ajuda humanitária para forçar comunidades inteiras” a submeter-se ao seu domínio sob a ameaça de morrer de fome.

Segundo o coordenador de projetos da AIS, esta crise humanitária está colocando, pela sua dimensão, uma enorme pressão sobre organizações internacionais para que aumentem a ajuda de emergência ao país.

Padre Halemba denuncia que, muitas vezes, as forças rebeldes procuram adquirir essa ajuda para, posteriormente, vender os produtos e, dessa maneira, financiar suas próprias organizações. 

De acordo com ele, a população, muitas vezes, foge de áreas bloqueadas para regiões onde é mais fácil a disponibilização dessa ajuda. Entretanto, “forças de ambos os lados – governo e rebeldes – estão impedindo a ajuda humanitária de ser entregue em uma tentativa de subjugar o povo”.

Uma das situações dramáticas que mobilizou o mundo nos últimos dias foi a da cidade de Madaya, sitiada pelas tropas do governo de Bashar al-Assad. Conforme alertou a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), 23 pessoas morreram de fome neste local, sendo as principais vítimas crianças e idosos.

Nesta cidade, por exemplo, um quilo de arroz estava sendo vendido por US$150 (cerca de R$ 600), um quilo de farinha custava US$ 120 (cerca de R$ 480,000).

Após as denúncias, nesta semana, um comboio de ajuda humanitária chegou à Madaya e vilarejos vizinhos.

Para o coordenador internacional da Fundação AIS, porém, “não há muitos lugares como Madaya”.

Ele afirmou que, se a guerra civil já causou a morte a cerca de 300 mil pessoas, haverá outras cerca de 350 mil que perderam a vida por falta de medicamentos ou outros bens essenciais.

Diante desta situação, a Fundação AIS tem se empenhado no apoio às populações locais, por meio das estruturas da Igreja. Atualmente, está em estudo o lançamento de mais de 20 programas de emergência para os meses.

Além disso, a Fundação Pontifícia está apoiando projetos humanitários em cidades e regiões como Damasco, Tartus, Aleppo, Homs e Marmarita, que são coordenados com as estruturas da Igreja local ou com comunidades religiosas. Essas iniciativas têm permitido que alimentos, medicamentos, roupas e sapatos cheguem às populações mais carentes.

Segundo Padre Andrzej Halemba, o objetivo é tentar corresponder a 100 por cento a todas as solicitações que chegam da martirizada população da Síria.

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