MADRI, 21 de set de 2006 às 20:24
O Arcebispo de Madri, Cardeal Antonio Maria Rouco Varela, acredita que o ocorrido com as palavras do Papa Bento XVI na Universidade de Ratisbona foi "uma enorme manipulação em função de objetivos políticos".Em entrevista concedida ao semanário Alfa e Omega, o Cardeal exortou "a que leiam o discurso, a que se interprete bem e em seguida se tire o suco mais importante do mesmo, que está em função de possibilitar o diálogo entre culturas e religiões".
Do mesmo modo, animou a que "se interprete bem justamente quando nos encontramos em uma situação de dar as costas a Deus por uma grande parte do pensamento europeu, e quando se acredita que se pode estabelecer uma boa relação com o Islã de hoje, com essas capas de fundamentalismos que impregnam o Islã em muitos casos e que impedem que o que se conhece como Islã moderado emerja com a suficiente força na opinião pública".
"Com as atuais visões puramente relativistas de Deus, vai ser muito difícil para a Europa conseguir que o Islã compreenda e aceite uma forma de diálogo criativa, frutífera, serena e, sobretudo, pacífica", acrescentou.
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"Queira Deus que estes episódios tão tristes destes dias não se convertam em um impedimento inevitável para que se possa realizar a viagem, que não só tem como objetivo a relação com a Turquia, com o Estado e com a comunidade política turca, mas sobretudo com o Patriarcado de Constantinopla, e com o que significa do ponto de vista das Igrejas ortodoxas", disse o Cardeal com respeito à viagem papal à Turquia.
Por sua vez, o Bispo de Córdoba, Dom Juan José Asenjo, enviou uma carta ao Núncio Apostólico de sua Santidade na Espanha, Dom Manuel Monteiro, em que expressa o Papa Bento XVI, "seu afeto filial em nome desta Igreja particular, que lamenta as desqualificações de que foi objeto por parte de alguns setores do mundo muçulmano".
A carta assinala também que "da leitura serena e desapaixonada do texto completo da conferência pronunciada por Sua Santidade na Universidade de Ratisbona, não se deduzem as ofensas à religião islâmica que lhe atribuem".

