30 de dez de 2025 às 10:02
O bispo de Columbus, Ohio, EUA, Earl Fernandes, concedeu dispensa da missa a paroquianos que temem deportação por agentes de imigração.
Na semana passada, o bispo Fernandes anunciou em carta e vídeo que aqueles que temem ações de imigração estão dispensados da obrigação de comparecer à missa dominical até 11 de janeiro do ano que vem. O bispo disse que a dispensa foi motivada pelo aumento das atividades de imigração em Ohio, decorrentes da Operação Buckeye, iniciativa do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês) lançada em 16 de dezembro, que supostamente visa "os piores criminosos imigrantes ilegais em Columbus e em todo o Estado de Ohio".
Fernandes disse ontem (29) à EWTN News que, depois de começar a receber mensagens de padres de toda a sua diocese dizendo que paroquianos hispânicos estavam com medo de frequentar a missa devido ao aumento da fiscalização por parte dos agentes do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA), ele pediu à equipe diocesana do Escritório de Doutrina Social Católica e do escritório do ministério hispânico que o ajudem a obter uma visão mais clara de “o que está acontecendo na prática”.
“Disseram-me que havia caminhões da imigração em frente às paróquias; até mesmo em frente às escolas”, disse Fernandes. “De repente, o número de participantes nas Posadas [celebrações tradicionais pré-natalinas] caiu pela metade ou até menos”.
Ele disse que decidiu conceder a dispensa "mesmo sem querer", porque "as pessoas precisam da missa e dos sacramentos mais do que nunca" e ele queria que as famílias pudessem estar juntas sem medo no Natal.
Em missa que celebrou no sábado, 20 de dezembro, Fernandes disse à EWTN News que o pároco da igreja permaneceu na porta da frente e viu um caminhão da imigração (ICE) nas proximidades. Por causa disso, a procissão da Posada foi transferida da área externa para um corredor dentro do prédio, porque “as pessoas estavam com muito medo de sair”.
A procissão ocorreu dentro do prédio. "Tivemos uma refeição, havia uma piñata e algumas comemorações", disse Fernandes. "Mas ficou claro que muitas pessoas não estavam presentes".
Queda acentuada na frequência às missas
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“O clima de medo estava afastando as pessoas”, disse ele. Um padre disse que só um terço de sua congregação compareceu à missa do fim de semana. Outro disse que só um quarto estava presente, disse Fernandes.
Sobre o aumento da fiscalização contra imigrantes, Fernandes disse: “É fácil dizer que os imigrantes deveriam ter vindo para o nosso país legalmente. Mas e se seus pais vieram ilegalmente e você é cidadão americano?... E se um dos cônjuges tiver documentos e o outro não? O que é melhor para os filhos deles e para a sociedade em geral?”
Sobre a população mexicana em Columbus, Fernandes disse que “muitos são netos dos Cristeros”, resistentes às tentativas do governo do México na década de 1920 de suprimir o catolicismo no país.
Ele disse que um grande grupo de hispânicos compareceu à missa da meia-noite de Natal na catedral porque não acreditavam que agentes do ICE estariam lá.
"Acho que eles se sentiram seguros na catedral", disse o bispo.
Fernandes disse que a diocese de Columbus também tem um grande número de migrantes africanos fiéis que têm “muitos filhos” e formam “comunidades jovens, cheias de vida e fé”.
Fernandes disse que conversou com o padre de uma paróquia multiétnica composta por nigerianos, filipinos e outros, e “eles também estão com medo”.
Ele também está preocupado com a comunidade haitiana, cujo status de proteção temporária (TPS, na sigla em inglês) expira em 3 de fevereiro do ano que vem.
Ele disse que a dispensa da missa expira em 11 de janeiro do ano que vem, no fim da época natalina, data em que reavaliará a situação.





