24 de dez de 2025 às 11:58
O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, o segundo vice-presidente católico dos EUA, apresentou uma visão claramente cristã para a política americana esta semana. "A única coisa que realmente serviu como âncora dos Estados Unidos da América é que fomos e, pela graça de Deus, sempre seremos uma nação cristã", disse Vance em discurso para cerca de 30 mil jovens conservadores no conferência AmFest 2025 da organização conservadora Turning Point USA, cerca de três meses depois do assassinato de seu fundador, Charlie Kirk.
Vance defendeu uma política enraizada na fé cristã que honre a família, proteja os mais vulneráveis e rejeite o que ele disse ser uma "guerra" de décadas contra o cristianismo na vida pública.
A fé cristã tem fornecido uma “linguagem moral compartilhada” desde a fundação da nação, disse Vance, formado em direito pela Universidade Yale. Isso levou à “nossa compreensão da lei natural e dos direitos, ao nosso senso de dever para com o próximo, à convicção de que os fortes devem proteger os fracos e à crença na consciência individual”.
“O cristianismo é o credo da América”, disse o vice-presidente sob aplausos. Nem todos precisam ser cristãos e que “devemos respeitar o caminho de cada indivíduo” para Deus. Ainda assim, disse, “até mesmo nossa famosa ideia americana de liberdade religiosa é um conceito cristão”.
Vance falou sobre como, ao longo das últimas décadas, “a liberdade religiosa se transformou em liberdade em relação à religião” como resultado do ataque cultural à fé cristã por parte daqueles da “esquerda” que “se esforçaram para expulsar o cristianismo da vida nacional”.
“Eles o expulsaram das escolas, dos locais de trabalho, das partes fundamentais da esfera pública”, disse o vice-presidente dos EUA.
“E numa praça pública desprovida de Deus, surgiu um vácuo”, disse ele. “E as ideias que preencheram esse vazio exploraram o pior da natureza humana, em vez de a elevar”.
Vance disse que vozes culturais contrárias à fé cristã “não nos diziam que éramos filhos de Deus, mas sim filhos deste ou daquele grupo identitário”.
“Substituíram o belo projeto de Deus para a família, no qual homens e mulheres podiam confiar, pela ideia de que homens poderiam se transformar em mulheres, contanto que comprassem os comprimidos certos da indústria farmacêutica”, disse ele.
Vance, convertido ao catolicismo, atribuiu ao presidente dos EUA, Donald Trump, o mérito de ter encerrado a “guerra cultural travada contra os cristãos e o cristianismo nos Estados Unidos da América”, falando sobre as prioridades políticas do governo como fruto de motivação cristã.
“Ajudamos os americanos mais velhos na aposentadoria, inclusive eliminando os impostos sobre a Previdência Social, porque acreditamos em honrar seus pais em vez de enviar todo o dinheiro deles para a Ucrânia”, disse ele. “Acreditamos em cuidar dos pobres, e é por isso que temos o Medicaid, para que os mais necessitados possam comprar seus remédios ou levar seus filhos ao médico”.
Falando sobre o desespero que sentiu devido ao assassinato de seu amigo Charlie Kirk, o vice-presidente disse: “O que me salvou foi perceber que a história da fé cristã… é uma história de imensa perda seguida por uma vitória ainda maior. É uma história de noites muito escuras seguidas por alvoradas muito brilhantes. O que me salvou foi lembrar da bondade inerente de Deus e que Sua graça transborda quando menos esperamos”.
Masculinidade
“Os frutos do verdadeiro cristianismo são bons maridos, pais pacientes, construtores de grandes coisas e matadores de dragões”, disse Vance. “E sim, homens que estão dispostos a morrer por um princípio se for isso que Deus lhes pediu para fazer”.
Ele falou sobre como viu os frutos de homens cristãos vivendo sua fé numa visita recente a um ministério masculino que auxilia pessoas que lutam contra o vício e a falta de moradia: “Eles os alimentam. Eles os vestem. Eles lhes dão abrigo e aconselhamento financeiro. Eles vivem a melhor parte da missão de Cristo”.
Depois de almoçar com alguns dos homens que estavam "todos de pé novamente" depois de receber ajuda, Vance disse que percebeu que a resposta para "O que os salvou?" não era "comunidades raciais ou ressentimentos... um curso preparatório de DEI (Diversidade, equidade e inclusão)" ou "uma verificação de assistência social".
“O que me chamou a atenção foi o fato de um carpinteiro ter morrido há 2 mil anos e, com isso, ter mudado o mundo”, disse o vice-presidente dos EUA.
“Uma verdadeira política cristã”, disse ele, “não pode se limitar à proteção dos nascituros ou à promoção da família. Por mais importantes que essas coisas sejam, elas devem estar no cerne da nossa inteira compreensão de governo”.
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Imigrantes
O vice-presidente discordou publicamente da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB, na sigla em inglês) sobre a reação deles às políticas de imigração do governo Trump, assim como do papa Leão XIV e do papa Francisco, que morreu em abril, que pareceu criticar Vance numa carta que o papa argentino escreveu à USCCB em fevereiro.
Em defesa da abordagem do governo Trump em relação à imigração, Vance, no fim de janeiro, invocou um "conceito cristão da velha guarda" que depois disse ser "ordo amoris", ou "amor corretamente ordenado".
Ele disse que, segundo esse conceito, a compaixão de uma pessoa pertence "primeiro à sua família e aos seus concidadãos, e só depois disso" ao resto do mundo.
Depois de o papa Leão XIV pedir, em 18 de novembro, que os americanos ouçam a mensagem da USCCB contra “a deportação em massa indiscriminada de pessoas” e que defendam o tratamento humano dos migrantes, Vance rebateu: “A segurança das fronteiras não é só boa para os cidadãos americanos. É a coisa humanitária a se fazer para o mundo inteiro”.
O vice-presidente disse: “Fronteiras abertas” não promovem “a dignidade humana, nem mesmo dos próprios imigrantes ilegais”, citando o tráfico de drogas e a exploração sexual.
“Quando você fortalece os cartéis e os traficantes de pessoas, seja nos EUA ou em qualquer outro lugar, você está fortalecendo as piores pessoas do mundo”, disse ele.
Em seu discurso no AmFest desta semana, ele exaltou os sucessos do governo dos EUA em relação à imigração: “Dezembro marca sete meses consecutivos sem nenhuma liberação na fronteira sul. Cerca de 2,5 milhões de imigrantes ilegais deixaram os EUA. É a primeira vez em cerca de 50 anos que temos um saldo migratório negativo”.
Ao fim do discurso, Vance disse aos milhares de jovens que, embora “só Deus possa prometer a salvação no Céu” se eles tiverem fé em Deus, “eu prometo a vocês fronteiras fechadas e comunidades seguras”.
“Eu prometo a vocês bons empregos e uma vida digna… juntos, podemos cumprir a promessa da maior nação da história da Terra”, disse ele.




