23 de dez de 2025 às 13:12
Entre os dias 24 e 25 de dezembro, a Igreja celebra o Natal com quatro missas diferentes, com leituras e textos próprios que abordam diferentes aspectos do nascimento de Jesus. A Missa da Vigília é celebrada no entardecer do dia 24; a Missa da Noite, também chamada de Missa do Galo, na noite do dia 24; a Missa da Aurora, ao amanhecer do dia 25; e a Missa do Dia, no dia 25. Indo a qualquer uma delas, o fiel cumpre o preceito de assistir missa no Natal.
O padre Rafhael Maciel, liturgista a arquidiocese de Fortaleza (CE), contou à ACI Digital como a Igreja chegou a essas quatro missas. Segundo ele, “a celebração de uma memória do nascimento de Jesus Cristo, antes de ser uma festa universal, era própria da basílica de São Pedro, no Vaticano, nos primeiros séculos da Igreja”.
Foi o papa são Leão Magno, cujo pontificado durou de 440 a 461, que deu “ênfase a essa data especial, colocando-a como um tempo especial de celebração dentro do ano litúrgico, o que se encontra nos textos de formulários para Missa de Vigília e para a Festa de Natal, no chamado Sacramentário Veronense”, a mais antiga coleção privada de libelli missarum (livretos de missal), “que se é considerado como tendo Leão Magno como um de seus autores”.
O liturgista contou que “a celebração do Natal recebe alguns formulários específicos atestados, em um primeiro momento, pelo Sacramentário Gregoriano”, do século VII. Nele, disse, “se encontram três formulários, que correspondem a três estações papais, ou seja, três lugares onde o papa passaria para poder chegar, ao final, à basílica de São Pedro e celebrar a última missa natalina”.
As estações papais são a de “Santa Maria Maior, onde o papa celebrava à meia-noite, entre 24 e 25 de dezembro – junto ao presépio desta basílica”, a de “Santa Anastácia, uma igreja dedicada a uma mártir oriental, onde o papa celebrava, na aurora do dia 25 de dezembro, uma missa em honra dessa mártir”, e a de “São Pedro, onde o papa celebrava no dia próprio do Natal, 25 de dezembro”.
Segundo o padre Rafhael, “com o passar do tempo, essas missas se concentram em lugar único, podendo ser celebradas as três missas em um espaço de tempo adequado entre elas, dando origem a quatro formulários”, que são: “Missa da Vigília do Natal, a ser celebrada na Hora de I Vésperas do Natal do Senhor; Missa da Noite do Natal, a ser celebrada na passagem de 24 para 25 de dezembro; Missa da Aurora do Natal, a ser celebrada no final da madrugada e início da manhã de 25 de dezembro (recordando o horário da missa que o papa celebrava em Santa Anastácia); e Missa do Dia de Natal, a ser celebrada durante todo o dia de Natal, em 25 de dezembro”.
Na Missa da Vigília de Natal, o evangelho (Mt 1,1-25) narra a origem de Jesus Cristo, filho de Davi. Na Missa da Noite de Natal, o evangelho (Lc 2,1-14) narra o nascimento de Jesus. Na Missa da Aurora nas primeiras horas do dia 25, o evangelho (Lc 2,15-20) traz o relato de quando os pastores encontraram Maria, José e o menino Jesus recém-nascido. E a Missa do Dia de Natal traz o sentido teológico do mistério do nascimento de Jesus, com o evangelho (Jo 1,1-18) refletindo sobre “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”.
Duas missas mais comuns
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Embora haja a possibilidade de celebrar as quatro missas no Natal, padre Rafhael ressaltou que “geralmente, os dois formulários mais usados nas celebrações do Natal são os da Noite e do Dia de Natal, por conta dos horários em que são celebradas”.
No dia 24 de dezembro costuma-se celebrar a Missa da Noite, ou Missa do Galo, “exatamente a do formulário da ‘meia-noite’, que pode ser celebrada em horário mais cedo” e “nele estão os detalhes litúrgicos mais significativos da noite santa do Natal”, diz o liturgista.
“Não é comum serem celebradas missas anteriores às 19h do dia 24 de dezembro ou missas na madrugada do 25 de dezembro; talvez, por isso foram ‘popularizados’ os formulários da Noite e do Dia de Natal”, acrescentou.
O próprio padre disse não ter “conhecimento atual de algum local” onde os quatro formulários de missas para o Natal “sejam celebrados”. Porém, disse, “creio que lugares com maior dificuldade de sacerdotes e eles sejam liberados para celebrar em horários alternativos esses se utilizem dos formulários”.
“Talvez”, acrescentou, “outro fator que faz com que esses formulários não sejam muito usado é a comodidade de usar os mais conhecidos; ou, em uma hipótese não das melhores, o desconhecimento ou a falta de interesse em usá-los, até porque cada formulário de missa diferente tem um conjunto de leituras diferentes no lecionário”.
Cumprir o preceito e viver bem o Natal
Embora tenha os quatro formulários de missas para o Natal, para cumprir o preceito natalino, é preciso a ir a uma das celebrações. “Os fiéis que participam em qualquer uma das quatro missas apresentadas pelo Missal cumprem o preceito do Natal”, disse o padre Rafhael Maciel.
O liturgista destacou a importância de viver bem esta celebração. Para isso, disse que “a primeira grande preparação é uma boa confissão”. Depois, acrescentou, “buscar colocar no centro de tudo a participação na missa de Natal como o centro, como essencial, e participar com alegria e coração aberto à renovação interior, no perdão, na caridade, na revitalização da esperança em meio a tantas desventuras no mundo e na sociedade”.




