O papa Leão XIV saiu ontem (18) do Vaticano para fazer uma visita institucional e cultural ao Palazzo della Minerva, sede da biblioteca do Senado da República Italiana, onde está exposta a Bíblia de Borso d'Este.

Trata-se de um dos manuscritos mais extraordinários da Renascença, famoso por suas miniaturas em ouro e lápis-lazúli.

Segundo um comunicado divulgado pela Santa Sé no Telegram, o papa almoçou mais cedo na Nunciatura Apostólica junto ao Estado Italiano e, no início da tarde, foi ao edifício histórico na Piazza della Minerva, no centro de Roma.

Lá, ele foi recebido pelo presidente do Senado da República Italiana, Ignazio La Russa, acompanhado pelo secretário-geral do Senado da República Italiana, Federico Silvio Toniato.

Na Sala do Arquivo, o papa cumprimentou brevemente os vice-presidentes, questores e presidentes dos grupos parlamentares do Senado, antes de "retirar o véu colocado sobre a imagem do Menino Jesus no tradicional presépio", disse a Santa Sé.

O gesto está carregado de simbolismo no contexto do Ano Santo, tendo profundo significado devocional na Itália, centrado na Encarnação e na manifestação da Luz do Mundo. Em muitas igrejas e lares italianos, o Menino Jesus permanece coberto ou ausente até a meia-noite de 24 de dezembro. Revelá-lo simboliza que Jesus é a Luz que dissipa as trevas do pecado e da morte.

Depois, acompanhado por autoridades do Senado, Leão XIV foi à Sala Capitular, onde a Bíblia de Borso d'Este está exposta, para uma visita privada. No fim da visita, o papa voltou ao Vaticano.

A Bíblia de Borso d'Este, produzida entre 1455 e 1461 pelo calígrafo Pietro Paolo Marone e pelos miniaturistas Taddeo Crivelli e Franco dei Russi, foi encomendada pelo duque de Ferrara, Borso d'Este, e é um dos ápices absolutos da arte miniaturista europeia.

O Ministério da Cultura da Itália define-a como uma obra que “une valor sagrado, relevância histórica, materiais preciosos e uma estética altamente refinada”.

Uma obra-prima excepcional

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Normalmente guardada na Biblioteca Estense de Modena, a Bíblia só é mostrada ao público em raras ocasiões.

Sua transferência para Roma exigiu uma complexa operação de segurança e, em sua exibição no Senado, permanece protegida em vitrines com rigoroso controle de umidade e temperatura.

Os visitantes também podem consultar o manuscrito em formato digital usando telas sensíveis ao toque que oferecem imagens de altíssima resolução.

A Bíblia de Borso d'Este foi encomendada pelo próprio duque como expressão de sua fé e de sua afirmação pessoal e dinástica.

A obra permaneceu nas mãos da família Este até que o último duque, Francisco V da Áustria-Este, a levou consigo quando fugiu para Viena em 1859, segundo um relato histórico publicado no site do Senado da República Italiana.

Depois de deixar a Itália, o manuscrito permaneceu na posse da Casa de Habsburgo mesmo depois da dissolução do Império Austro-Húngaro no fim da Primeira Guerra Mundial. Em 1922, depois da morte do arquiduque Carlos I, sua viúva, Zita de Bourbon-Parma, decidiu vender a Bíblia a um antiquário parisiense.

A obra chamou a atenção do empresário e mecenas italiano Giovanni Treccani, que viajou a Paris para adquiri-la em 1923 por 3, 3 milhões de francos franceses. Treccani, cujo sobrenome é hoje sinônimo das grandes enciclopédias italianas, depois doou a obra ao Estado italiano.

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No âmbito do Jubileu

A exposição faz parte da programação oficial do Jubileu e estará aberta até 16 de janeiro do ano que vem, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, com entrada gratuita. É patrocinada pelo Senado da República Italiana, em colaboração com a Presidência do Conselho de Ministros, o Ministério da Cultura, a Galeria Estense, a Comissão Extraordinária para o Jubileu e o Instituto Enciclopédia Italiana Treccani.