16 de dez de 2025 às 15:22
“A alegria de hoje, da espera, como também a alegria do Natal é própria de saber quem nós esperamos. Algumas pessoas perguntam, sobretudo a imprensa, o que é que você espera deste Natal? A pergunta não é essa, o que eu espero do Natal? A pergunta é outra, é quem eu espero no Natal?”, disse o bispo de Caruaru, dom José Ruy Gonçalves Lopes em sua homilia do 3º Domingo do Advento, conhecido como o Domingo Gaudete ou Domingo da Alegria, na catedral Nossa Senhora das Dores, no dia 14 de dezembro.
Segundo dom José Ruy Gonçalves, em Cristo “se encontra não apenas a nossa fé, mas a nossa alegria”.
“Porque se eu espero o Cristo é diferente”, enfatizou. “Diferente das coisas que eu espero, da realidade que eu almejo no Natal. Talvez eu nunca alcance aquilo que eu espero do Natal, mas quem eu espero já está garantido, já está assegurado: é Deus que vem e essa alegria depende também da minha fé”, porque “eu creio, eu acredito que Ele vem, que Ele vem para mim, que Ele vem para você, que Ele vem para nos salvar”.
Dom José Ruy Gonçalves ainda disse que “muitas pessoas” neste tempo “possuem uma nostalgia triste, bucólica do Natal e dizem: Não é como antes, não é alegre como aqueles outros Natais que eu vivi e celebrei”.
“Por isso o profeta Isaías dizia na primeira leitura: Dizei aos tristes: Criai ânimo”, disse dom José Ruy. “Porque o Cristo, o salvador que vai chegar”.
As pessoas "estão esperando não os votos de um feliz Natal, mas exatamente essa palavra: 'criai ânimo'”.
Ele explicou que “ânimo vem de anima, de alma” e a nossa “alma precisa estar convencida, convicta” de que Cristo “vai chegar”.
“E se minha alma souber disso, ela vai estar animada, vai estar alegre, não animada como no sentido de um auditório, de animar auditório, de animar uma festa. Às vezes existem festas que podem ser animadas, mas não são alegres. Não é o caso do Natal”, ressaltou.
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“Triste daquele que não sabe quem espera. O que você espera neste Natal?”, questionou o bispo aos fiéis. “Você espera Cristo, é quem você espera. E desse modo nós podemos ter a alegria já antecipada, nós sabemos quem nós esperamos, nós sabemos que Ele vai chegar e vai me dar, vai nos dar aquilo que absolutamente ninguém é capaz de dar: a salvação”.
João identifica Jesus e diz: ‘É Ele, o cordeiro de Deus’
O bispo ainda destacou em sua homilia que João Batista sempre soube identificar Jesus e “não tem dúvida de fé” e o que “João faz” é “apontar para Cristo” ao dizer aos seus discípulos: "Vão lá, vão até a prisão e perguntem a ele: ‘És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?’”.
“João identifica Jesus e diz: ‘É ele, o cordeiro de Deus’. Expressão esta que até hoje nós usamos em nossa liturgia quando a hóstia santa, a hóstia consagrada é levantada sobre o altar e o sacerdote nos diz: ‘Eis o cordeiro de Deus, é Ele, somente Ele que tira o pecado do mundo’”, disse o bispo ressaltando que “o povo hoje, o povo ontem, ainda não reconhece Jesus”.
“Não é que não espera Jesus, não sabe quem esperar porque não o reconhece, não o identifica”, frisou dom José Ruy.
“Assim como ontem, são muitas as pessoas que dizem: 'Mas não era Ele, o filho de José, o carpinteiro e de Maria. Por isso que João presta esse serviço evangelizador. De dizer aos seus discípulos: ‘Ide lá e perguntai a Ele: ‘És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?’. João cria condições para que os seus discípulos reconheçam o Messias, que por sua vez não se apresenta dizendo: ‘Eu sou o Messias’”, pontuou o bispo. “Jesus diz aos discípulos de João: ‘Olhe, tudo aquilo que Isaías havia profetizado, os cegos enxergam, os surdos ouvem, os paralíticos andam, são sinais do reino de Deus. O reino chegou até vocês para que todos nós, apesar de enxergarmos a luz do dia e as coisas visíveis, tenha os olhos da fé, para que todos nós que escutamos tanta baboseira, tenhamos tempo também de escutar a Palavra de Deus”.
Continuando, dom Ruy pediu: “Para nós que falamos tanto e tanto de tantas coisas, falemos também de Deus. Para todos nós que temos pernas e caminhamos daqui para acolá e nos deslocamos para todos os lugares. A gente também tenha pernas para ir à casa de Deus. Tenhamos pernas para nos ajoelhar diante Dele, do seu sacrário, da Sua presença real”.
“Enfim, queridos irmãos e irmãs, é quase Natal. Mas a alegria de hoje deve ser já prenúncio da felicidade de amanhã, não somente do dia 25, mas daqueles dias natales, isto é, o dia quando nós morrermos e nos encontrarmos definitivamente com o rei dos reis”, concluiu o bispo.



