A arquidiocese de Fortaleza (CE) terá amanhã (13) a primeira consagração de mulheres na ordem das virgens, a Ordo Virginum.  Francisca Samara Marcolino, Roberta Bastos Moreira e Vitória Brena Tavares de Vasconcelos serão consagradas em missa celebrada pelo arcebispo Gregório Paixão, às 18h30, na catedral metropolitana de Fortaleza.

A vocação das virgens consagradas se caracteriza pela “inserção das consagradas na Igreja particular e, portanto, em um determinado contexto cultural e social”, diz a instrução Ecclesiae Sponsae Imago sobre o Ordo Virginum, de 2018. “A consagração as reserva para Deus sem separá-las do ambiente em que vivem e no qual são chamadas a dar o próprio testemunho”, acrescenta.

As virgens consagradas remontam ao início do cristianismo, a exemplo de santas como Luzia, Inês, Águeda, Filomena. Com o tempo a ordem foi perdendo importância, mas foi retomada depois do Concílio Vaticano II. Em 1970, o papa Paulo VI promulgou o novo Rito de Consagração das Virgens.

Segundo Vitória Vasconcelos, a data escolhida para a primeira consagração de virgens da arquidiocese de Fortaleza, 13 de dezembro, não foi por acaso. “Dom Gregório Paixão, claramente inspirado por Deus, escolheu a dedo esta data cuja memória celebramos santa Luzia, virgem e mártir, que foi uma santa que também consagrou a Deus a sua virgindade e foi até às últimas consequências pela sua fé e por esse amor”.

“Cremos que isso sirva para realizar um elo em recordar que essa vocação que agora abraçamos, é exatamente a mesma abraçada por santas dos primeiros séculos do catolicismo como a própria santa Luzia, santa Inês e santa Cecília. É uma vocação antiga e ‘sempre nova’, brincando com as célebres palavras de santo Agostinho”, disse Vitória.

Ordo Virginum foi fundada na arquidiocese de Fortaleza por decreto assinado por dom Gregório Paixão em 20 de maio do ano passado. No dia 16 de agosto deste ano, Francisca Samara, Roberta e Vitória foram admitidas como candidatas à consagração.

Nos últimos meses, disse Vitória, as três estão “imersas em um clima de grande júbilo e graça”. Segundo ela, “além de estarmos sendo confirmadas nesta vocação tão especial para a Igreja, que remonta dos primeiros séculos, também percebemos no decorrer destes meses, o impacto histórico e espiritual da realização deste rito na vida da nossa Igreja particular, já que será a primeira vez que será realizado na história da arquidiocese de Fortaleza e temos a certeza de que essa é a primeira centelha de uma obra do Espírito Santo, que irá ao encontro de tantas almas que são chamadas a viver nesta consagração, sendo esposas de Cristo, tendo os olhos no céu e estando ombro a ombro com os irmãos”.

Roberta Bastos disse que tem vivido “momentos ricos de experiências internas com Jesus no Santíssimo Sacramento e externas com a comunidade mais presente, abraçando esse chamado que é ser toda da Igreja”.

Desde que foram admitidas como candidatas à consagração em agosto, disse Vitória, elas começaram “a trilhar um caminho de preparação espiritual para o imenso passo que será dado” amanhã.

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Segundo Roberta, tem sido um período de “muita dedicação aos estudos”, além da “convivência e crescimento que tivemos de ser uma virgem consagrada”.

“Tivemos um itinerário formativo mais denso nos últimos meses, ofertado por sacerdotes e religiosos da arquidiocese de Fortaleza, como também de irmãs virgens consagradas de outras dioceses brasileiras”, contou Vitória.

As candidatas também ficaram em retiro, o que Vitória descreveu como “dias de céu: muita paz, alegria e intimidade com Jesus”. “Não cansava de dizer durante os dias de retiro: ‘Como me sinto amada por Deus! E por isso, é impossível não querer consagrar nossas vidas a um Amor que vence tanto em generosidade’”, contou.

Às vésperas da consagração, Roberta disse que suas expectativas são “das melhores possíveis, porque Jesus é o foco da santidade e da presença no meio do povo que somos chamados a ser”.

Já Vitória disse estarem “entusiasmadas”. “Ainda não estamos assimilando que dentre em pouco tempo, estaremos vestidas de branco, tal como noivas, na entrada da catedral de Fortaleza, para a consagração das virgens”, disse.

Para ela, “é uma grande alegria, mas uma grande responsabilidade e missão”.

Vitória contou que nesses “dias próximos à consagração”, tem “recordado muito a serva de Deus Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, que antes de iniciar a obra, realizou uma consagração privada como terciária franciscana”. Ela contou que na manhã de 7 de dezembro de 1943, Chiara Lubich, depois de pronunciar a fórmula de consagração, disse que “teve a impressão de ‘ouvir o ruído de uma ponte desmoronando detrás dela’, significando que dali em diante, não teria retorno e seu sim seria definitivo”.

“Porém, ela conta: ‘a minha felicidade era imensa!! E sabem por quê? Eu desposo Deus, portanto espero o maior bem possível! Será fantástico! Será uma divina aventura extraordinária! Eu desposo Deus!’. Dadas às devidas proporções, partilho o sentimento de Chiara de sentir que a consagração será um marco na minha vida, onde eu não pertencerei mais a mim mesma, mas inteiramente a Jesus, meu Esposo e por isso, também serei toda para meus irmãos, ‘fazendo-me tudo para com todos’ (1 Cor 9, 22)”, disse Vitória, ressaltando acreditar que “será dada a largada de uma belíssima e divina aventura”.

Roberta espera, depois da consagração “ser mais amada por Jesus, colaborar com Ele nessa missão, como disse a Mãe Maria: ‘Eis me aqui’”.