O papa Leão XIV disse que o plano do presidente dos EUA, Donald Trump, de pôr fim à guerra da Rússia contra a Ucrânia ameaça romper a aliança entre a Europa e os EUA.

“Prefiro não comentar”, disse ontem (9) o papa a repórteres sobre a imparcialidade da iniciativa. “Não li tudo. Infelizmente, acredito que algumas partes do que vi provoquem uma mudança enorme naquilo que, por muitos, muitos anos, foi uma verdadeira aliança entre Europa e EUA”.

Leão XIV falou aos repórteres depois de se encontrar com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Castel Gandolfo, Itália.

“As observações [de Trump] feitas sobre a Europa, inclusive em entrevistas recentes, acredito que estejam tentando desmantelar aquilo que considero que deva ser uma aliança muito importante hoje e no futuro”, disse o papa Leão XIV. “É um programa elaborado pelo presidente Trump e seus assessores, e ele é o presidente dos EUA e tem o direito de fazer isso”.

Segundo a Santa Sé, em audiência ontem (9) com Zelensky, o papa pediu a continuidade do diálogo para buscar uma "paz justa e duradoura" na Ucrânia.

Os dois falaram sobre a questão dos prisioneiros de guerra e a necessidade urgente de garantir o retorno das crianças ucranianas às suas famílias. Segundo a Santa Sé, ela continuará seus esforços para isso — inclusive "por meio dos esforços do Enviado Especial do Santo Padre para Assuntos Humanitários na Ucrânia", disse o cardeal Matteo Zuppi — e para assegurar a libertação dos prisioneiros de guerra.

O papa disse, em resposta a uma pergunta da EWTN News, que o progresso na repatriação das crianças ucranianas sequestradas estava "muito lento, infelizmente", mas recusou-se a comentar mais sobre o assunto.

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A Santa Sé mediou o conflito entre Kiev e Moscou sobre a questão do retorno das crianças. Zelensky escreveu na rede social Facebook: "Informei o papa sobre os esforços diplomáticos com os EUA para alcançar a paz. Discutimos ações futuras e a mediação do Vaticano com o objetivo de repatriar nossas crianças sequestradas pela Rússia".

Em um comunicado divulgado pela Santa Sé depois da audiência em Castel Gandolfo, Itália, o papa “reafirmou a necessidade da continuidade do diálogo e expressou seu desejo urgente de que as atuais iniciativas diplomáticas tragam uma paz justa e duradoura”.

Depois da audiência privada, Zelensky disse ter “profunda gratidão” ao papa Leão XIV pelo apoio constante da Santa Sé ao povo ucraniano.

 

Valentina Di Donato contribuiu para esta matéria.