O papa Leão XIV rechaçou as promessas tecnológicas de prolongar indefinidamente a existência humana, como as feitas pelo "transumanismo", e disse que a ressurreição de Cristo "revela-nos que a morte não se opõe à vida”.

Na audiência geral de hoje (10), na Praça de São Pedro, no Vaticano, o papa disse que muitas visões antropológicas atuais "prometem imortalidades imanentes, teorizam o prolongamento da vida terrena mediante a tecnologia".

“É o cenário do transumano, que se abre caminho no horizonte dos desafios do nosso tempo”, disse Leão XIV.

O papa exortou as pessoas a considerarem duas questões centrais: “A morte poderia ser verdadeiramente derrotada com a ciência? Contudo, a própria ciência poderia garantir-nos que uma vida sem a morte também é uma vida feliz?”.

"A Páscoa de Jesus faz-nos saborear antecipadamente, neste tempo ainda cheio de sofrimentos e provações, a plenitude do que acontecerá após a morte”, disse.

A morte, “uma grande mestra de vida”

Leão XIV disse que, ao longo da história, “muitos povos antigos desenvolveram ritos e costumes ligados ao culto dos mortos, para acompanhar e recordar quantos se encaminhavam rumo ao mistério supremo”. Mas, disse, no mundo contemporâneo a morte “parece uma espécie de tabu” e “algo de que falar em voz baixa, para evitar perturbar a nossa sensibilidade e tranquilidade”.

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O papa lamentou que essa atitude muitas vezes leve a evitar até mesmo “visitar os cemitérios, onde quem nos precedeu repousa à espera da ressurreição".

Ele falou sobre os ensinamentos de santo Afonso de Ligório e a relevância duradoura de sua obra Preparação para a Morte. O papa enfatizou que, para o santo napolitano, a morte é “uma grande mestra de vida”, capaz de orientar o fiel para o que é essencial.

Leão XIV disse que, santo Afonso exortou a "saber que a morte existe e, sobretudo, meditar sobre ela" como modo de aprender a discernir o que é verdadeiramente decisivo na existência.

O papa disse que, na espiritualidade alfonsiana, a oração tem um lugar central "para compreender o que é benéfico em vista do reino dos céus, e abandonar o supérfluo que, ao contrário, nos liga às realidades efêmeras".

Leão XIV disse que só a Ressurreição de Cristo “é capaz de iluminar profundamente o mistério da morte”.

“Nesta luz, e só nela, torna-se verdadeiro o que o nosso coração deseja e espera: ou seja, que a morte não é o fim, mas a passagem para a luz plena, para uma eternidade feliz”, disse Leão XIV.

O papa disse que Cristo Ressuscitado “precedeu-nos na grande prova da morte, saindo vitorioso graças ao poder do Amor divino”.

“Assim, preparou-nos o lugar do descanso eterno, a casa onde somos esperados; ofereceu-nos a plenitude da vida, onde não há mais sombras nem contradições”, concluiu.