18 de nov de 2025 às 14:03
O bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, dom Fernando Arêas Rifan, teve uma audiência particular de 30 minutos com o papa Leão XIV no sábado, 15 de novembro, na Biblioteca do Palácio Apostólico, no Vaticano, na qual falou com o papa sobre sua sucessão.
A Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney foi criada em 2002 pelo papa são João Paulo II como uma circunscrição eclesiástica de caráter pessoal no território da diocese de Campos (RJ) para manter a liturgia antiga, a disciplina e os costumes tradicionais. Ela é originária da União Sacerdotal São João Maria Vianney, um grupo de padres que depois da promulgação do Missal de Paulo VI, em 1969, decidiu junto com o então bispo de Campos (RJ), dom Antônio de Castro Mayer, manter o rito romano antigo.
Dom Antônio participou da ordenação de quatro bispos pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre sem autorização da Santa Sé em 1988. Por isso, a união sacerdotal viveu em situação irregular até 2002, quando voltou à plena comunhão com Roma.
Renúncia por idade
Dom Fernando Rifan disse ao papa que já apresentou sua carta de renúncia pelos seus 75 anos, completados no último dia 25 de outubro. Segundo o cânon 401 do Código de Direito Canônico, o bispo “que tiver completado setenta e cinco anos de idade, que apresente a renúncia do ofício ao Sumo Pontífice, o qual providenciará depois de examinadas todas as circunstâncias”.
Dom Fernando disse ter falado a Leão XIV sobre “a necessidade da continuação” da Administração Apostólica São João Maria Vianney de ter “um bispo”. “Claro que a resposta dele virá através dos canais competentes, após as consultas de praxe”, disse o bispo.
“Sobre a minha renúncia, não me julgo necessário nem insubstituível, o que ninguém é, como sempre ensinei. Claro que não pedi nada, além da benção dele”, disse dom Rifan. “Faço minha a oração de são Martinho: “Senhor, se ainda sou necessário ao vosso povo, não recuso o trabalho”. Mas esses trâmites demoram um pouco. O papa não dá resposta imediata. Faz muitas consultas primeiro”.
“Rezemos para que o papa faça o que for melhor para o futuro da nossa Administração Apostólica, para o bem da Igreja e para a glória de Deus”.
Visita cordial
“Fiquei muito satisfeito com essa visita cordial e auspiciosa” e “exprimi-lhe a nossa comunhão e firme adesão a Cátedra de Pedro, na pessoa dele”, disse dom Rifan nas redes sociais da Administração Apostólica.
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Dom Rifan disse que se apresentou ao papa Leão “como bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, que ele certamente conhecia só por informes” e explicou a ele “a origem e a razão pela qual foi criada pelo papa são João Paulo II em 2002”.
“Contei a ele a nossa história e lhe dei os documentos nossos e da Santa Sé a respeito. Dei a ele também alguns livros meus, artigos e esclarecimentos”, disse o bispo. “Falei sobre o nosso itinerário teológico e espiritual, sobre como saímos do estado de separação da Igreja e de como chegamos à compreensão da necessidade da comunhão, na qual agora, graças a Deus e à Igreja, nos encontramos”.
O bispo ainda contou que o papa Leão “fez várias perguntas” a ele sobre a “posição” da Administração Apostólica, e que suas respostas deixaram o papa “bem satisfeito”.
“Ele percebeu que somos bem diferentes de outros grupos radicais e cismáticos”, pontuou dom Rifan. “Fora da Igreja pode se ter muita coisa boa; pode se cantar Aleluia, Amém, fazer o sinal da cruz etc… Mas, fora da Igreja, não há salvação”.
“Mostrei a ele como estamos em comunhão com o nosso bispo diocesano e com os outros bispos católicos. Expliquei-lhe como funciona o nosso seminário e nossa triagem de vocações”, disse o bispo. “Expliquei-lhe que atendemos também 11 outras dioceses com a permissão ou pedido dos bispos locais. Falei-lhe, assim e, portanto, da necessidade de continuar com a nossa Administração Apostólica pelo bem da Igreja”.
Dom Fernando Arêas Rifan foi ordenado padre no dia 8 de dezembro de 1974 na catedral basílica menor do Santíssimo Salvador, em Campos dos Goytacazes (RJ) por dom Antônio de Castro Mayer. Em 1991, dom Licínio Rangel sucedeu dom Mayer e Rifan continuava atuando como uma das principais lideranças do grupo conhecido informalmente como “padres de Campos”, que era irregular.
Ele ajudou a negociar a reconciliação com a Santa Sé, celebrada em 2001 e no dia 18 de janeiro de 2002, o papa são João Paulo II criou a Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, com sede em Campos (RJ), nomeando Rifan como seu primeiro bispo. Ele se tornou um dos porta-vozes do rito latino antigo dentro da Igreja. Em 2007, o papa Bento XVI publicou o motu próprio Summorum pontificum, com o qual liberou o uso da liturgia para todos os padres. No ano seguinte, dom Rifan foi convidado para participar da Jornada Mundial da Juventude em Sidney, Austrália, para servir aos jovens ligados à liturgia tradicional.
Oração pela eleição do novo bispo da Administração Apostólica
Por causa da apresentação da carta de renúncia de dom Fernando Rifan, a Administração Apostólica fez um post em suas redes sociais com uma “oração pedindo a intercessão de são João Paulo II pela eleição do novo bispo da Administração Apostólica”, para que o novo bispo seja um “pastor segundo o coração de Jesus: homem firme na defesa da verdade e terno na caridade pastoral; capaz de conduzir este rebanho com sabedoria, fortaleza e mansidão evangélica”.
Atualmente, a Administração Apostólica tem um seminário próprio, paróquias, associações de fiéis, institutos de vida consagrada, tribunal eclesiástico, diversas obras sociais, escolas e também atua em 13 outros locais em dez dioceses, nos quais os padres da administração celebram, como: Nova Iguaçu (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Volta Redonda (RJ), Nova Friburgo (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Itaúna (MG), Divinópolis (MG), Barbacena (MG), Itaverava (MG), São Lourenço (MG) e Vitória (ES).





