13 de nov de 2025 às 13:45
O sonho do papa Francisco “continua vivo, vivo como nunca”, diz o frei Francisco Belotti, fundador da Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus, responsável pelos Barcos Hospitais Papa Francisco e Papa São João XXIII. As embarcações estão no porto de Icoaraci, em Belém (PA), desde o dia 2 de novembro, para prestar apoio humanitário e serviços de saúde durante a 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que acontece na capital paraense até o dia 21 de novembro.
Quando os barcos chegam nas comunidades, “é sempre o papa que está chegando, o papa está aqui, o papa me consultou, o papa me curou, o papa me operou e ali no papa eu comi, ali no papa eu ganhei a medicação”, disse o frade ao jornalista Silvonei José, do Vatican News, site de notícias da Santa Sé. “Infelizmente o Papa Francisco não veio à Amazônia, mas ele está na Amazônia pela presença dele navegando nesses rios”.
A ideia do Barco Hospital Papa Francisco partiu do próprio papa Francisco em sua visita ao Brasil em 2013 para a Jornada Mundial da Juventude.
Em 2013, o papa visitou no Rio de Janeiro um hospital administrado pela Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus e perguntou aos frades se eles estavam presentes na Amazônia, encorajando assim a realização de um projeto voltado a esta região.
“Ele não conversou muito, ele simplesmente disse, vocês estão na Amazônia? Não. Então devem ir. Basta”, contou o frade na entrevista. “Esta conexão entre Jesus, a sua Igreja na pessoa do papa Francisco, comigo e com toda a nossa associação e fraternidade é a soma de esforços e desta inspiração que chegamos até aqui”.
Inaugurado em 2019, a base do navio Papa Francisco fica em Óbidos (PA), de onde atende mais de 1000 comunidades ribeirinhas na região amazônica.
Inaugurado em 2024, o Barco Hospital São João XXIII tem base em Manaus (AM) e leva “saúde e assistência as comunidades ribeirinhas e indígenas no Rio Amazonas e calhas dos seus afluentes, que enfrentam dificuldades para receber o atendimento médico, tendo de realizar longas viagens de barco para chegar a um hospital ou unidade de saúde”, diz o site da Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus.
A presença das embarcações em Belém, para a COP 30, é fruto de uma parceria entre o governo do Pará e a Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus. Ao todo cerca de 86 profissionais atenderam do dia 7 a 12 de novembro fazendo consultas de várias especialidades.
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“A expectativa é que a gente também possa apresentar aos outros países que somos um modelo único, que trabalhamos no sistema do SUS, conciliando esse processo de uma forma dinâmica”, disse o frei Frei Ezequiel Salvatico, responsável pelo Barco-Hospital Papa Francisco, ao Vatican News.
“Talvez podemos pontualizar sobre esse modelo de referência, que hoje conseguimos chegar até a porta dos ribeirinhos com uma especialidade, até mesmo resolvendo alguns casos de saúde no momento”, continuou.
“A expectativa é para apresentar também à delegação do Vaticano a realidade que nós temos da Igreja Católica aqui na Amazônia”, concluiu.
A Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus também opera o Barco Hospital São João Paulo II, fundado em 2020 como complemento dos serviços em saúde feitos pelo Barco Hospital Papa Francisco, ampliando assim a estrutura de atendimento à população ribeirinha. Sua base também é em Óbidos (PA).
Visita de bispos e cardeais aos Barcos Hospitais
Na terça-feira (11), o arcebispo de Porto Alegre (RS), dom Jaime cardeal Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), visitou as embarcações junto com bispos da África, Ásia e América.
“Na nossa diocese, o barco-hospital Francisco já realizou mais de 500 mil atendimentos em 18 municípios do Pará, alcançando territórios extensos e comunidades ribeirinhas”, disse o bispo de Óbidos, dom Bernardo Johannes, segundo o site da CNBB. “Esse projeto salva vidas e oferece cuidados de saúde diretamente às pessoas que mais precisam”.
“Trouxemos os barcos para a COP30 justamente para apresentar soluções concretas para a saúde, mostrando alternativas diante dos desafios ambientais e das mudanças climáticas”, concluiu.



