11 de nov de 2025 às 13:35
A polícia de Bangladesh prendeu um homem de 28 anos em conexão com atentados a bomba caseiros contra a catedral e uma escola administrada pela Igreja em Daca, capital do país.
Investigadores da polícia identificaram o suspeito como membro da Liga Estudantil de Bangladesh(Bangladesh Chhatra League), braço estudantil proibido da Liga Awami, partido político de Sheikh Hasina, ex-primeira-ministra do país. O suspeito está sendo interrogado sobre vários incidentes, como as explosões de 7 e 8 de novembro na catedral de Santa Maria e na Escola St. Joseph’s (São José), uma das mais importantes instituições de ensino católicas do país.
A Polícia Metropolitana de Daca, em conjunto com o Batalhão de Ação Rápida, unidade de elite do país, iniciou uma busca por outros suspeitos em toda a cidade. A polícia reforçou a segurança em igrejas e outros locais religiosos da capital.
O governo interino de Bangladesh, que assumiu o poder depois da destituição de Hasina em agosto, disse que continua comprometido com a proteção das minorias religiosas e que vai processar aqueles que ameaçarem a harmonia religiosa.
Ataques a locais católicos
Na noite da última sexta-feira (7), por volta das 22h30, uma bomba caseira explodiu perto da catedral de Santa Maria, no centro de Dhaka. A polícia encontrou outro artefato explosivo não detonado no terreno da igreja.
Algumas horas depois, por volta das 2h30 da manhã do último sábado (8), outra bomba caseira explodiu dentro do complexo da Escola Secundária e Faculdade St. Joseph's em Mohammadpur, bairro de Daca próximo à sede da Conferência de Bispos Católicos de Bangladesh e às residências de várias comunidades religiosas.
Os ataques ocorreram pouco antes de a conferência episcopal fazer uma celebração nacional do jubileu em homenagem ao nascimento de Cristo, reunindo bispos, padres e leigos católicos de todo o país.
Bombas caseiras — chamadas de "coquetéis" em Bangladesh — são dispositivos explosivos rudimentares frequentemente usados em atos de violência política no país do sul da Ásia.
Preocupação da comunidade
“O lançamento de coquetéis molotov contra a igreja novamente no período de um mês preocupou nossa comunidade católica”, disse o padre Bulbul Rebeiro, secretário de comunicação social da Conferência Episcopal Católica de Bangladesh. “Ainda não sabemos o motivo do ataque, mas pediremos às autoridades que investiguem rapidamente a causa desses incidentes e que prendam e levem à justiça os responsáveis”.
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Numa entrevista coletiva no último sábado, Rebeiro disse: “Nós, cristãos, somos muito poucos, somos um povo pacífico. Mas esses incidentes estão nos assustando”.
Ele exigiu que o governo garanta que os cristãos, que são minoria, possam fazer festivais ou atividades religiosas em segurança.
Padrão de ataques
Em 8 de outubro, uma bomba caseira explodiu no portão da igreja católica do Santo Rosário, a igreja católica mais antiga de Daca, num bairro predominantemente cristão.
A Associação Cristã de Bangladesh disse que o intervalo de um mês entre os atentados a bomba parece ter sido coordenado. Num comunicado divulgado no último sábado, Nirmol Rozario, presidente da associação, instou o governo a investigar e processar os responsáveis.
Nenhum grupo reivindicou a autoria dos ataques nem disse por que a comunidade cristã foi alvo. Os cristãos são menos de 1% da população de Bangladesh, que é de cerca de 180 milhões de habitantes, sendo a grande maioria muçulmana.
Turbulência política e minorias religiosas
Bangladesh passa por uma significativa instabilidade política desde agosto do ano passado, quando protestos em massa liderados por estudantes forçaram Hasina a deixar o país depois de 15 anos no poder. Um governo interino liderado por Muhammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006, governa atualmente o país.
O governo atual proibiu a ala estudantil da Liga Awami, a Liga Estudantil de Bangladesh (Bangladesh Chhatra League). Segundo a lei antiterrorismo do país, autoridades designaram a organização estudantil como uma “organização terrorista” por supostos ataques na revolta que derrubou o governo de Hasina.
Cristãos e outras minorias religiosas em Bangladesh relataram crescentes preocupações com a segurança desde a transição política. A comunidade cristã celebrou o Natal do ano passado sob proteção militar em várias igrejas em Daca.






