10 de nov de 2025 às 14:01
O papa Leão XIV planeja convocar um consistório extraordinário de cardeais no início de janeiro do ano que vem, cujo tema ainda não foi divulgado.
Numa breve comunicação enviada a cardeais em 6 de novembro e obtida pelo jornal National Catholic Register, da EWTN, na última sexta-feira (7), a Secretaria de Estado da Santa Sé disse que “o Santo Padre Leão XIV tem em mente convocar um consistório extraordinário para os dias 7 e 8 de janeiro de 2026”.
“Em tempo oportuno, o decano do Colégio Cardinalício enviará a Vossa Eminência a carta pertinente com mais detalhes”, disse a nota, antes de terminar: “Com profunda reverência, Gabinete de Coordenação da Secretaria de Estado”.
Quando o Register perguntou a Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, sobre a comunicação na última sexta-feira (7), ele disse que ainda não havia “confirmado publicamente a existência dela” e que não acreditava que um anúncio de tal evento seria feito “com tanta antecedência”.
Além de o tema permanecer desconhecido, também não se sabe ao certo se todos os cardeais foram notificados da reunião planejada.
Os consistórios extraordinários são geralmente reuniões especiais de todos os cardeais, convocadas pelo papa para discutir assuntos de “necessidades particulares da Igreja” ou questões de grande importância que exigem ampla consulta entre os cardeais do mundo.
Cardeais presentes no conclave que elegeu Leão XIV reclamaram da falta de reuniões e de espírito de equipe sob o pontificado do papa Francisco.
Realizado a portas fechadas, o último consistório extraordinário no Vaticano ocorreu em 29 e 30 de agosto de 2022, sob o pontificado do papa Francisco. O objetivo dele era reunir todos os cardeais para discutir a implementação e o significado da então nova constituição apostólica para a Cúria Romana, intitulada Praedicate evangelium. O encontro também se concentrou nas reformas da governança da Igreja e da Cúria Romana.
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No consistório, os cardeais receberam um relatório oficial sobre a reforma da Cúria e, em seguida, dividiram-se em grupos linguísticos para debater as consequências práticas e os princípios subjacentes à nova constituição, antes de se reunirem para uma discussão final de síntese. O formato foi uma mudança em relação aos consistórios anteriores, que se baseavam na sinodalidade.
O papa Francisco também aproveitou a oportunidade para fazer um consistório de novos cardeais ao mesmo tempo, embora seja improvável que essa seja a intenção do papa Leão XIV, já que o Colégio de Cardeais já tem 128 cardeais eleitores, bem acima do limite recomendado de 120.
Antes desse consistório extraordinário, um outro mais famoso foi realizado em 20 e 21 de fevereiro de 2014, também sob o pontificado do papa Francisco. O encontro reuniu todos os cardeais para falar sobre o tema da família e teve como objetivo fornecer orientação e fundamentos teológicos para um Sínodo da Família, que foi feito ainda em 2014 e novamente em 2015.
Aquele consistório extraordinário teve um discurso controverso do cardeal Walter Kasper, no qual o teólogo alemão lançou o que ficou conhecido como a “Proposta Kasper”, que abriria caminho para uma “solução pastoral” que permitiria a alguns divorciados recasados na esfera civil receber a Sagrada Comunhão. A proposta, que atraiu críticas, influenciou os trabalhos do sínodo, e uma versão dela esteve na exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia, publicada pelo papa Francisco em 2016. Vários cardeais se manifestaram contra a intervenção de Kasper, segundo relatos.
Essa foi a única reunião extraordinária do Colégio de Cardeais sob o pontificado de Francisco na qual os membros foram autorizados a falar livremente sobre qualquer tema que desejassem. Nas reuniões subsequentes, em fevereiro de 2015 e na última, em agosto de 2022, as intervenções foram limitadas a determinados assuntos.
Antes de Francisco, o papa são João Paulo II convocou seis consistórios extraordinários, três dos quais discutiram questões sobre reforma da Cúria Romana e à situação financeira da Santa Sé. Os outros três encontros abordaram as ameaças contemporâneas à vida, a proclamação de Cristo como único salvador e a ameaça das seitas (1991); a preparação para o Jubileu de 2000 (1994); e as perspectivas da Igreja no terceiro milênio à luz da Novo millennio ineunte (2001), carta apostólica de são João Paulo II que delineia as prioridades da Igreja para o milênio.
Bento XVI não fez nenhum consistório extraordinário formal em seu pontificado, optando por fazer reuniões de um dia inteiro na véspera dos consistórios de novos cardeais.





