5 de nov de 2025 às 16:17
Nossa Senhora de Nazaré foi homenageada hoje (5) em sessão solene do Congresso Nacional. A homenagem começou com a entrada da imagem peregrina da padroeira do Pará, a mesma do Círio de Nazaré, que está visitando Brasília desde ontem (4).
A sessão solene foi convocada pelo presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), atendendo ao requerimento de autoria do deputado federal Joaquim Passarinho (PL-PA), do senador Esperidião Amin (PP-SC) e mais 36 parlamentares.
Nossa Senhora de Nazaré é celebrada anualmente no segundo domingo de outubro, durante o Círio de Nazaré. Mais de dois milhões de devotos percorrem um trajeto de 3,6 km seguindo a berlinda que leva a imagem da santa. Esse evento foi reconhecido em 2004 como patrimônio cultural imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré
O presidente da sessão, deputado federal Joaquim Passarinho disse que, quando chegou ao Congresso há 11 anos, perguntou a sua esposa como eles poderiam agradecer a Nossa Senhora. “Com a ajuda da diretoria do Círio”, criaram a vinda da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré ao plenário da Câmara.
“Começamos a trazê-la, mas ela vinha para a sessão, ia para a minha casa e depois ia embora. E a minha mulher disse um dia para mim: "É muito egoísmo isso. Por que a gente vai ficar com ela aqui, presa em casa?". Então, nós achamos o padre Rafael, que nos acolheu, acolheu a imagem, e hoje, nós estamos com dois dias de transladação, de visitação”, relatou o deputado.
O reitor do santuário basílica Nossa Senhora de Nazaré, padre Francisco Assis Maria de Oliveira, diretor-presidente da Festa de Nazaré disse que “é muito bonito” percorrer o Brasil com a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré. Ele relatou que “a imagem peregrina faz em média 900 visitas na grande Belém, no interior do Estado do Pará e fora do Estado do Pará” e “em cada visita”, ele constata “a fé bonita de um povo generoso que tem muito a ensinar para o mundo”.
“E eu digo que chegará o momento em que eu deverei escrever um livro, porque, pelo privilégio de acompanhar a imagem de Nossa Senhora de Nazaré por vários lugares do Brasil, eu pude ver com os meus olhos e ouvir com os meus ouvidos coisas maravilhosas”, disse o sacerdote.
Depois da sessão solene, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré vai para o santuário Nossa Senhora da Saúde, na Quadra 702 da Asa Norte (DF), onde será rezado o terço mariano às 17h, seguido de missa, celebrada pelo bispo auxiliar de Brasília, dom Antonio Aparecido de Marcos Filho. Ao final da celebração, a imagem retorna a Belém.
Círio de Nazaré
O primeiro Círio de Nazaré com as procissões à Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, começou em 1792. Elas eram feitas à noite com a presença de um Círio que iluminava e guiava os fiéis que também carregavam velas. Em 1845, as procissões passaram a acontecer pela manhã para fugir da chuva, mas o nome continuou Círio de Nazaré como é até hoje.
Segundo o deputado federal Joaquim Passarinho, “o Círio não é apenas uma procissão”, não “é apenas aquilo que se vê pela imagem, às vezes, na televisão, ele transcende isso”, porque “é uma devoção que o povo paraense tem”.
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“Nós dizemos em Belém que o Círio é o Natal do povo paraense”, disse o presidente da sessão. “Só quem já foi ao Círio e conhece o que é a força do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a força da nossa padroeira, sabe o quanto ele é importante para cada um de nós, o quanto é importante para todo católico, para todo paraense de modo geral, porque o Círio transcendeu a religião católica”.
Para o diretor-presidente da Festa de Nazaré, padre Francisco Assis Maria de Oliveira, “o Círio de Nazaré é algo inexplicável”.
“Na sexta-feira que antecede o Círio, acontece a primeira procissão. É o traslado da imagem até a cidade de Ananindeua, na área metropolitana, na grande Belém”, disse o padre. “No percurso que nós fazemos, é inexplicável olhar o semblante, a emoção de tantos homens e mulheres, jovens, adultos, idosos, crianças”.
Padre Francisco Assis contou que “tem uma imagem” que ele nunca esquece: “ uma menina de dois anos, enxugando as lágrimas do pai” e “o pai a segurava nos braços, chorando de emoção, e ela, com as mãozinhas inocentes, enxugando as lágrimas, sem entender por que o pai, naquele momento, chorava tanto”.
“E a minha sensibilidade me fez imaginar que aquele pai estava ali agradecendo por ter a filha nos braços, certamente depois de ter enfrentado alguma doença grave”, disse o sacerdote destacando que “isso é muito comum no Círio de Nazaré”, ver “as pessoas agradecendo pela dádiva de recuperar a saúde”.
Segundo padre Francisco Assis, o Círio “é uma expressão maravilhosa de solidariedade cristã” que “brota de uma fé verdadeira em Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo".
“A começar por aqueles que ajudam na realização, na organização: os 35 casais da diretoria da Festa de Nazaré, a Guarda de Nazaré, com seus 2,7 mil homens, os vários voluntários que se dedicam de maneira tão generosa, sejam os que fazem parte das Forças Armadas, sejam também os da sociedade civil”, disse Oliveira.
Ele contou que “no decorrer do Círio”, é possível ver “a atenção que se tem pelo próximo, quando alguém começa a passar mal” e “logo alguém grita: "Maca, Maca!" e, “rapidamente, a Cruz Vermelha ou outros voluntários da saúde enfrentam aquela situação, para chegar até onde aquela pessoa está passando mal, para socorrê-la de imediato”. O padre ainda disse que “há a generosidade de quem pega uma garrafa d'água e faz com que ela consiga ser suficiente até para 10, 15 pessoas, cada um toma um gole e passa para o outro”.
“Eu digo a vocês que é um fenômeno que o mundo precisa conhecer para que as pessoas se inspirem nele e sejam mais solidárias, mais fraternas, tenham um olhar de carinho, de amor pelo próximo, e não de ódio”, disse.





