29 de out de 2025 às 14:22
Uma exposição em Boston, EUA, convida visitantes a ver em detalhes a árvore genealógica do papa Leão XIV, abrangendo 14 gerações de história e traçando conexões do papa com nobres, homens que lutaram pela independência, homens e mulheres escravizados e até mesmo estrelas da cultura pop contemporânea.
A American Ancestors (Ancestrais Americanos), centro nacional dos EUA dedicado à história das famílias, ao patrimônio e à cultura, criou a exposição Os Ancestrais do Papa Leão XIV: Uma História Americana para que as pessoas descubram a linhagem do primeiro papa nascido nos EUA por meio da leitura de histórias, da pesquisa de registros e da exploração da árvore genealógica dele.
A exposição tem informações compiladas por genealogistas especializados para destacar a história do papa, porque "a diversidade de sua ancestralidade é tão complexa quanto a própria história dos EUA", disse Ryan Woods, diretor executivo da American Ancestors, à CNA, agência em inglês da EWTN.
Rastreando 14 gerações
Pouco depois do anúncio do primeiro papa nascido nos EUA, o historiador e genealogista Jari Honora disse publicamente que o papa, surpreendentemente, tinha ascendência negra em Louisiana, assim como crioula, termo que identificavam os franceses nascidos no Estado. A descoberta inspirou vários outros pesquisadores a investigar a árvore genealógica do papa.
Depois do anúncio, a American Ancestors quis "pesquisar a ancestralidade completa do papa Leão XIV", disse Woods. Henry Louis Gates Jr., apresentador do programa de genealogia Finding Your Roots (Encontrando Suas Raízes) na rede de televisão americana PBS, ajudou a liderar a iniciativa junto com outros genealogistas da American Ancestors e do Cuban Genealogical Club of Miami (Clube Genealógico Cubano de Miami), na no Estado da Flórida, nos EUA.
“Em alguns dias, conseguimos reconstruir a linhagem dele por 14 gerações”, disse Woods. Assim que a pesquisa foi concluída, o jornal The New York Times a publicou em junho como uma reportagem interativa.
Arquivistas da arquidiocese de Nova Orleans, EUA, haviam criado uma árvore genealógica da família do papa na Louisiana depois de descobrirem que a mãe do papa Leão XIV tinha ligações com Nova Orleans. Depois da publicação das descobertas de Gates, eles perceberam que a pesquisa não tinha registros católicos de Nova Orleans, o que havia deixado de fora algumas histórias adicionais.
A arquidiocese encontrou arquivos que datam do início da década de 1720 com a ajuda de "registros sacramentais de batismos, casamentos, funerais e sepultamentos", disse Sarah Waits, arquivista de pesquisa da arquidiocese, à CNA.
“O aspecto católico de sua família e… os registros que [a arquidiocese] tem nos arquivos são absolutamente fundamentais para qualquer pesquisa genealógica”, disse Waits, que trabalhou diretamente na árvore genealógica da família em Nova Orleans. “Percebemos que tínhamos um verdadeiro tesouro em nosso próprio arquivo relacionado à sua família”.
A arquidiocese divulgou a árvore genealógica para complementar a pesquisa de Gates e expandi-la com registros adicionais. Depois, Gates apresentou a pesquisa concluída ao papa Leão XIV em uma audiência privada no Vaticano, em julho.
A American Ancestors decidiu abrir a experiência ao público por meio da nova exposição, inaugurada em 4 de outubro. Ela já atraiu diversas pessoas “curiosas e interessadas”.
“Ter um líder mundial demonstrando a complexidade e a riqueza relativas das famílias americanas e de sua história foi algo que consideramos realmente importante, tanto para o estudo da genealogia quanto para a própria história”, disse Woods.
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Descobertas surpreendentes
A pesquisa aprofundada revelou uma série de conexões surpreendentes que a exposição detalha.
Por meio de um ancestral chamado Louis Boucher de Grandpré, o papa tem parentesco com vários primos distantes de origem canadense, como os ex-primeiros-ministros do Canadá Pierre Trudeau e Justin Trudeau, Hillary Clinton, a atriz Angelina Jolie e os cantores Justin Bieber e Madonna.
Vários outros descendentes de Louis acabaram se estabelecendo em Nova Orleans. Por meio dessa conexão, “a família em Nova Orleans foi identificada dentro da comunidade crioula negra”, disse Waits.
Então, voltando algumas gerações, havia "registros de ancestrais escravizados, até mesmo nas décadas de 1820 e 1830", disse Waits. "Portanto... não faz muitas gerações, o papa teve ancestrais escravizados".
Os pesquisadores identificaram quatro ancestrais brancos que tinham escravos nos EUA. Eles suspeitam que provavelmente havia outros em Cuba, que era uma sociedade escravista. Eles também descobriram que oito dos ancestrais negros do papa Leão XIV escravizaram cerca de 40 outras pessoas de cor.
A pesquisa que abrangeu o período mais antigo até agora alcançou a Espanha do século XVI, na família materna do papa Leão XIV. Quatro de seus 11º bisavôs são listados como "hidalgos", membros da pequena nobreza sem título. Um dos netos deles chegou a ser capitão de terra e mar na Armada Real Espanhola, tendo passado anos lutando contra corsários holandeses que tentavam tomar possessões coloniais portuguesas na América.
A pesquisa revelou como o papa recebeu seu sobrenome, Prevost. Cerca de cinco gerações de ancestrais de seu pai nasceram na Sicília, ilha na Itália, como o avô do papa, Salvatore Giovanni Gaetano Riggitano Alito, que acredita-se ter migrado para os EUA em 1905. Salvatore estava a caminho de se tornar padre, mas não pôde fazer seus votos e se casou.
A árvore genealógica revelou que dois dos filhos de Salvatore não eram filhos de sua mulher, mas sim de uma francesa chamada Suzanne Louise Marie Fontaine. Salvatore e Suzanne tiveram dois filhos: Jean, tio do papa; e Louis, pai do papa. Eles receberam o sobrenome de solteira da avó, Prévost, que deu origem ao sobrenome francês do papa.
Uma exposição com uma missão
A história do papa Leão XIV é diversa, com “histórias de senhores de escravos e pessoas escravizadas, imigrantes da França, da Espanha e do Haiti”, disse Woods. Ele disse ter esperança que divulgar a rica história do papa Leão XIV inspire as pessoas a investigarem sua própria ancestralidade.
“Pesquisas recentes nos EUA mostraram que cerca de 70% dos americanos acreditam que conhecer a história da família é importante, mas só cerca de 10% realmente pesquisaram ativamente a história de suas famílias”, disse Woods. “Assim, as pessoas podem ver essa história humana global e começar a perceber as possibilidades do que podem descobrir em sua própria história familiar”.



