Estátua de padre Cícero é inaugurada perto de igreja onde ele foi batizado, no Crato

21 de out de 2025 às 10:05

Uma estátua do servo de Deus padre Cícero Romão Batista foi inaugurada ontem (20) em frente à Praça da Sé, no Crato (CE), perto da catedral onde ele foi batizado. A imagem tem 1,70 m de altura e fica sobre uma base de 90 cm. Foi uma doação da Câmara de Dirigentes Lojistas do Crato (CDL) à diocese local.

Participaram da inauguração o bispo de Crato dom Magnus Henrique Lopes, o pároco da catedral, padre Wesley Barros, o prefeito André Barreto (PT), além de outros sacerdotes e autoridades civis.

Para o padre Wesley Barros, a escultura é um sinal da religiosidade no Nordeste. “Uma fé que nasce com o batismo que ele recebeu aqui na catedral de Nossa Senhora da Penha, na pia batismal, que ainda hoje está disposta à entrada da igreja”, disse ao site Miséria.

O servo de Deus Padre Cícero Romão Batista, ou “Padim Ciço” como é conhecido e chamado por seus admiradores, nasceu em 1844, em Crato (CE). Foi batizado em 8 de abril daquele ano, na igreja de Nossa Senhora da Penha. Foi ordenado padre em 1870 na capital cearense. Dois anos depois foi para a região de Juazeiro do Norte (CE).

Um possível milagre ocorrido em 1889 transformou a vida do religioso e da cidade. Na capela de Nossa Senhora das Dores, a hóstia sangrou na boca de uma fiel. A notícia logo espalhou e o fato teria se repetido em público várias vezes. Juazeiro passou a receber peregrinos de vários lugares desde então.

Em 1894 padre Cícero foi punido com a suspensão da ordem, acusado de manipulação da crença popular pela Santa Sé. Proibido de celebrar missa e inconformado com a situação, o padre foi ao Vaticano, em 1898, pedir revogação da pena ao papa Leão XIII. Saiu de lá com a vitória, mas o bispo não aceitou e pediu revisão do resultado.

Em 1911, o distrito de Juazeiro foi elevado a município e o padre Cícero foi nomeado prefeito, realizando diversas benfeitorias.

Padre Cícero morreu em 20 de julho de 1934, em Juazeiro do Norte, local que até hoje celebra seus feitos e obras.

Após um trabalho de revisão histórica sobre a causa de padre Cícero feito pela diocese de Crato, em 2014, a Santa Sé o reconciliou com a Igreja Católica. Em agosto de 2022, a Santa Sé autorizou a abertura do processo de beatificação, que aconteceu em 30 de novembro daquele ano. Em 7 de junho passado, terminou a fase diocesana da causa de beatificação do padre Cícero.

Ao comentar sobre certa “rivalidade histórica” que Crato e Juazeiro do Norte viveram em torna da figura de padre Cícero, o padre Wesley disse ao site Miséria que a inauguração da estátua “é um ato de justiça, de resgate histórico que agora podemos fazer com serenidade, com tranquilidade, porque acredito que as maiores dificuldades existentes ao seu tempo eram muito mais por conta da carência de informações, do desencontro e mal entendidos que se criavam entre as cidades e os lugares próximos e distantes do que mesmo de uma posição de um, de outro ou do próprio padre Cícero”.

O presidente da CDL do Crato, Laécio Teles ressaltou que o padre Cícero “já foi o cearense do século e é filho do Crato”. “Nós temos que prestigiar os nossos filhos queridos”, disse.