No Jubileu dos Ciganos e nômades celebrado ontem (19), o papa Leão XIV elogiou peregrinos por sua profunda confiança em Deus, apesar de séculos de exclusão, dizendo a milhares de participantes que seu testemunho renova a própria fé da Igreja.

“Hoje todos nos sentimos renovados pelo presente que vocês trazem ao papa: sua fé forte, sua esperança inabalável só em Deus, sua confiança sólida que não cede às dificuldades de uma vida muitas vezes vivida à margem da sociedade”, disse o papa em audiência jubilar na Aula Paulo VI, no Vaticano, no último sábado.

Cerca de 4 mil peregrinos de cerca de 70 países da Europa e de outros lugares participaram do evento, segundo a Santa Sé. Músicos e dançarinos da Itália, da Romênia, da França, da Espanha e da Eslovênia lotaram a Aula Paulo VI com música na celebração do Jubileu.

Leão XIV exortou os participantes a continuarem a depositar sua fé e esperança inteiramente em Deus, dizendo que eles “podem ser testemunhas vivas da centralidade dessas três coisas: confiar só em Deus, não se apegar a nenhuma posse mundana e demonstrar fé exemplar em palavras e ações”.

Ele disse também que “o coração da Igreja, por sua própria natureza, é solidário com os pobres, os excluídos e os marginalizados, com aqueles considerados descartados pela sociedade”.

“Por cerca de mil anos, vocês foram peregrinos e nômades num contexto que construiu progressivamente modelos de desenvolvimento que se mostraram injustos e insustentáveis ​​em muitos aspectos”, disse o papa.

Leão XIV disse também que as chamadas sociedades “progressistas” muitas vezes os relegaram “às margens das cidades, às margens dos direitos, às margens da educação e da cultura”, mesmo quando essas mesmas sociedades criaram “enormes desigualdades econômicas… crises financeiras, desastres ambientais e guerras”.

Na audiência, o papa também falou aos agentes pastorais que atendem às comunidades sinti, parte da comunidade cigana, e camminanti, um grupo étnico da Sicília, exortando-os a “levar adiante com energia renovada os objetivos formulados pelo V Congresso Mundial sobre a Pastoral dos Ciganos”, particularmente na educação, na pastoral familiar e no diálogo intercultural.

Ele disse esperar que “cada diocese desenvolva uma atenção pastoral adequada dedicada às comunidades cigana, sinti e camminanti, para um verdadeiro crescimento humano integral”.

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Ao fim de seu discurso, o papa Leão XIV respondeu a algumas perguntas das crianças participantes do Jubileu. Respondendo sobre como os jovens podem ser melhores amigos de Jesus, ele disse que "buscar a ajuda da Igreja é um caminho muito importante para ser sempre amigo de Jesus".

“Jesus, através da Igreja, se apresenta a nós, e, portanto, amar Jesus, ser amigo de Jesus, significa ser amigo na Igreja: e assim também a vida na Igreja, os Sacramentos, a Santa Missa”, disse ele.

Para outra criança que perguntou como seria possível que as crianças crescessem num mundo sem guerra, o papa disse que a paz começa em cada pessoa.

“Se quisermos mudar o mundo, devemos começar por nós mesmos, pelos nossos amigos, pelos nossos colegas de classe, pelas nossas famílias”, disse Leão XIV. “É muito importante que busquemos sempre essa capacidade de diálogo, de respeito mútuo e de promover os valores que nos ajudam a construir um mundo de paz”.

O Jubileu dos Ciganos, Sinti e Camminanti foi organizado em colaboração com o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, a Fundação Migrantes da Conferência Episcopal Italiana, a Comunidade de Sant'Egidio, o vicariato de Roma e representantes da Pastoral dos Ciganos e Sinti.

As celebrações continuaram ontem (19) com uma missa no santuário do Divino Amor, em Roma, presidida pelo secretário adjunto do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Fabio Baggio e acompanhada por músicos ciganos e sinti. Também houve uma oração em homenagem ao beato Ceferino Giménez Malla, o primeiro mártir cigano da fé.