O senador americano Dick Durbin, democrata do Estado de Illinois, EUA, decidiu recusar um prêmio da arquidiocese de Chicago diante da reação por causa de sua atuação pró-aborto.

O arcebispo de Chicago, cardeal Blase Cupich, anunciou ontem (30) que Durbin "decidiu não receber o prêmio" na celebração arquidiocesana Keep Hope Alive (Mantenha a Esperança Viva) em 5 de novembro. Durbin receberia um "Prêmio pelo Conjunto da Obra por apoio a imigrantes" no evento.

O anúncio de Cupich põe fim à controvérsia em que bispos nos EUA criticaram a decisão de conceder o prêmio a Durbin, citando o longo histórico de políticas pró-aborto do senador democrata.

A controvérsia chegou até a própria Santa Sé, com o papa Leão XIV — respondendo a uma pergunta da EWTN News — dizendo ontem (30) que era "importante analisar o trabalho geral que um senador fez por 40 anos de serviço no Senado dos EUA".

“Entendo a dificuldade e as tensões”, disse o papa. “Mas acho que, como eu mesmo já disse no passado, é importante analisar muitas questões relacionadas às doutrinas da Igreja”.

Vários bispos e arcebispos dos EUA criticaram a decisão. O bispo de Springfield, Illinois, Thomas Paprocki, exatamente a diocese de Durbin, descreveu o senador como "incapaz de receber qualquer honraria católica".

"A condenação total não é o caminho a seguir"

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Cupich disse ontem que a decisão de conceder o prêmio a Durbin "foi especificamente em reconhecimento à sua contribuição singular para a reforma da imigração e seu apoio inabalável aos imigrantes, tão necessário em nossos dias".

O arcebispo, criado cardeal pelo papa Francisco e um dos mais próximos dele nos EUA, disse que as divisões dentro da Igreja se “aprofundaram perigosamente” ao longo do meio século em que serviu como sacerdote e do cerca de um quarto de século em que serviu como bispo.

“A tragédia da nossa situação atual nos EUA é que os católicos se encontram politicamente sem teto”, disse ele. “As políticas de nenhum dos partidos políticos resumem perfeitamente a amplitude da doutrina católica”.

O arcebispo argumentou contra a "condenação total" de políticos católicos que não respeitam os "elementos essenciais" da doutrina social católica. Uma crítica tão ampla, disse ele, "encerra a discussão".

“Mas elogios e incentivos podem abrir portas, ao convidar seus destinatários a considerarem como estender seu bom trabalho a outras áreas e questões”, disse o cardeal. “De modo mais amplo, uma abordagem positiva pode manter viva a esperança de que vale a pena conversar uns com os outros — e colaborar uns com os outros — para promover o bem comum”.

Cupich disse que esperava que a celebração Keep Hope Alive aumentasse a conscientização sobre a semelhança entre a defesa dos migrantes pela Igreja e sua defesa dos "vulneráveis ​​na fronteira entre a vida e a morte". Ele argumentou que a arquidiocese de Chicago não estava "suavizando" sua posição sobre o aborto.

“Os bispos católicos responderam heroicamente quando o direito à vida do nascituro foi negado pelas decisões de 1973 da Suprema Corte”, disse o arcebispo. “Esse direito à vida ainda precisa ser defendido sem concessões”. A Conferência dos Bispos Católicos dos EUA também “há muito tempo investem nossa energia e recursos” na defesa dos imigrantes, disse ele.

Em sua declaração, o arcebispo propôs “encontros sinodais” para que os fiéis “experimentem ouvir uns aos outros com respeito sobre essas questões, ao mesmo tempo em que permanecem abertos a amadurecer mais plenamente em sua identidade comum como católicos”. Cupich disse que buscaria contribuições para esses encontros.

“Podemos seguir em frente se mantivermos a esperança viva”, disse o cardeal.