26 de set de 2025 às 11:25
O arcebispo de Westminster, cardeal Vincent Nichols, presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Inglaterra e País de Gales (CBCEW, na sigla em inglês), e líderes de outras confissões cristãs criticaram o fato de que manifestantes estivessem "cooptando o cristianismo" no recente comício Unite the Kingdom (Una o Reino) em Londres.
“Oramos por um verdadeiro renascimento cristão, em que pessoas de todos os credos ou de nenhum, de todas as etnias e estilos de vida, possam se sentir seguras e valorizadas pelos dons que trazem consigo”, disseram os líderes cristãos em uma declaração conjunta das Igrejas Unidas na Inglaterra (CTE, na sigla em inglês) na última terça-feira (23). “Como líderes de igrejas cristãs neste país, gostaríamos de expressar nossa profunda preocupação de que no recente comício Unite the Kingdom e em outros lugares, alguns tenham usado símbolos e palavras da fé cristã para apoiar visões e atitudes realmente opostas”.
“Desejamos comunicar claramente algumas das principais mensagens da nossa fé compartilhada, que são uma contribuição crucial para o bem-estar de todas as pessoas em nossas terras”, escreveram os presidentes.
O comício Unite the Kingdom na Inglaterra, organizado pelo ativista anti-imigração Tommy Robinson, atraiu entre 110 mil e 150 mil pessoas, segundo a agência de notícias Reuters, e teve uma aparição em vídeo do bilionário Elon Musk.
Robinson, cujo nome verdadeiro é Stephen Yaxley-Lennon, organizou a manifestação por causa dos níveis recordes de imigrantes que pedem asilo na Grã-Bretanha e aos níveis crescentes de crimes cometidos por imigrantes.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Robinson disse num discurso no comício no qual manifestantes carregavam a bandeira britânica Union Jack, assim como bandeiras da Inglaterra com a Cruz de São Jorge, vermelha e branca: "Hoje é a centelha de uma revolução cultural na Grã-Bretanha, este é o nosso momento", e elogiou os reunidos na manifestação por representarem "uma onda de patriotismo".
No contraprotesto menor Stand Up to Racism (Enfrente o Racismo), com cerca de 5 mil pessoas, que ocorreu junto com a manifestação de Robinson, um orador identificado como Ben Hetchin disse que "a ideia de ódio está nos dividindo e acho que quanto mais acolhemos as pessoas, mais fortes somos como país", segundo a agência de notícias Reuters.
A declaração dos líderes cristãos foi assinada por Nichols, pelo bispo Tedroy Powell, presidente pentecostal e carismático da CTE e bispo nacional da Igreja de Deus da Profecia do Reino Unido; pela reverenda Tessa Henry-Robinson, moderadora do Grupo de Igrejas Livres; pela bispa Paulina Hławiczka-Trotman, presidente da CTE para o Grupo da Quarta Presidência e chefe da Igreja Luterana na Grã-Bretanha; e Sua Eminência, o arcebispo Nikitas, presidente da CTE para as Igrejas Ortodoxas e arcebispo do Patriarcado Ecumênico (diocese de Tiatira e Grã-Bretanha).
“A cruz de Cristo revela o amor avassalador e incondicional de Deus por cada ser humano”, disse a declaração. “A cruz e o Evangelho de Cristo jamais devem ser cooptados para apoiar mensagens que fomentem hostilidade contra os outros. Sua mensagem jamais legitima rejeição, ódio ou superioridade em relação a pessoas de outras culturas”.
“Como cristãos, desejamos que todas as políticas sejam baseadas em valores sólidos e compassivos. Por isso, oramos por um espírito generoso e justo, que não demonize o outro simplesmente por ser diferente. Oramos para que possamos ter misericórdia daqueles que precisam e que legitimamente buscam nossa ajuda”.




