Com um apelo pela paz e o fim dos confrontos, destruição e mortes no mundo pelas guerras, 11 jovens músicos brasileiros entre 16 e 22 anos da Orquestra Criança Cidadã da periferia de Recife (PE)  e artistas da Rússia, da Ucrânia, do Irã, de Israel, da Palestina, das Coreias do Sul e do Norte, países em guerra ou sob tensão diplomática, vão se apresentar em uma turnê internacional pela paz a partir do dia 30 de setembro a  8 de outubro, na Praça de São Pedro, no Vaticano, diante do papa Leão XIV.

“Ver jovens de países historicamente em conflito dividindo o mesmo palco, tocando lado a lado, é algo que emociona profundamente”, disse o fundador da Orquestra Criança Cidadã (OCC), João José Targino, idealizador dos concertos pela paz à ACI Digital. “Acreditamos, com todas as forças, que a música ainda é uma das poucas linguagens capazes de reunir corações que se encontram distantes

A escolha dos músicos, segundo Targino, “formando uma orquestra internacional, cuja base é de músicos da Orquestra Criança Cidadã, não foi apenas artística”, mas “foi um gesto de esperança”.

“São vozes que, juntas, desafiam o barulho da guerra com o som da convivência fraternal e da harmonia. Demonstra que todos somos irmãos, sendo um símbolo vivo de que a paz não é uma utopia - ela pode ser ensaiada, tocada, sentida e vivida”, pontuou o fundador da OCC.

A musicista Maria Eduarda Pereira, violinista de 16 anos da OCC, disse à ACI Digital que "participar dessa turnê internacional é uma oportunidade única”.

“Representar o Brasil e a nossa orquestra em outros países me enche de orgulho e responsabilidade. Acredito que a música tem o poder de transmitir sentimentos que as palavras não alcançam, e levar essa mensagem de paz é algo muito especial. Espero voltar com novas experiências, aprendizados e com a certeza de que a música realmente pode transformar realidades".

A Orquestra Criança Cidadã foi idealizada, em 2006, pelo juiz de direito, João José Targino, em parceria com o maestro Cussy de Almeida e com o desembargador Nildo Nery dos Santos. O projeto atende a mais de 400 jovens, com idade entre 7 e 21 anos, da comunidade do Coque, em Recife, do distrito de Camela, em Ipojuca e da zona rural de Igarassu. Até o momento, 700 alunos já passaram pela orquestra. Desde 2013, o OCC alcançou projeção nacional e internacional, realizando pelo menos uma apresentação por ano no exterior e se consolidou no cenário cultural pernambucano em julho de 2022.

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"Para mim, que cresci dentro da Orquestra Criança Cidadã como aluno e depois como monitor, é muito emocionante participar agora dos Concertos pela Paz”, disse à ACI Digital o músico da turnê, Davi Cristian, professor de violoncelo. “Essa turnê mostra a força transformadora da música e como ela pode unir culturas e povos diferentes em torno de uma mesma mensagem: a paz. Eu espero que essa viagem seja não só um momento de grandes apresentações, mas também de inspiração para todos nós e para quem nos assistir".

“Fazer parte dos Concertos pela Paz significa poder mostrar ao mundo o trabalho que fazemos com tanta dedicação, e também compartilhar a nossa cultura através da música”, disse a percussionista da OCC, Lídia Sotero, de 19 anos, à ACI Digital. “O que eu mais espero dessa turnê é tocar o coração das pessoas e levar um pouco de esperança em cada apresentação. Para mim, essa é a verdadeira missão da música".

Turnê internacional pela paz

O concerto pela paz estreia no Youngsan Art Hall, em Seul, Coreia do Sul, no dia 30 de setembro. Depois seguem para o Japão. No dia 4 de outubro a apresentação será no Parque Memorial da Paz e no Teatro YMCA, em Hiroshima, palco da primeira explosão atômica em uma guerra, e no dia 5 de setembro, na Expo 2025, em Osaka.

O repertório da turnê internacional pela paz mescla clássicos brasileiros com composições oriunda dos países dos músicos participantes da orquestra:  um medley nomeado de Rapsódia das Nações, que terá seis peças, reunindo a “Aquarela do Brasil, Arirang (música folclórica coreana, tida como hino da ‘Coreia unificada’), Kalinka (canção russa composta por Petrovich Larionov), Hava Nagila (música judaica), Melodia em Lá Menor (do ucraniano Myroslav Skoryk) e Yalla Tenam Reema (da libanesa Fairuz, em representação da cultura árabe)”. 

O concerto terá duas partes com a duração de cerca de 70 minutos.  A primeira parte, chamada de “Comunidade de Pessoas”, também contém “Bachianas Brasileiras nº 4, de Villa-Lobos, e Concerto para dois violinos em Ré menor, com combinação de peças de Johann Sebastian Bach”. A segunda fase nomeada “Música Latino-americana” é focada em uma orquestra com cordas e percussão e “passa por Fuga y Misterio, de Astor Piazzolla”, e encerra “com medley de Samba de Verão, Tico-tico e Aquarela”.