15 de set de 2025 às 15:15
Um cristão iraquiano de 45 anos que fugiu de sua terra natal para escapar da perseguição islâmica foi morto a facada em Lyon, sul da França, na noite de 10 de setembro.
Ele estava transmitindo ao vivo um vídeo no TikTok no qual falava sobre sua fé. O ataque chocou as comunidades cristãs locais e gerou pedidos para esclarecer os motivos do assassinato.
Segundo o jornal local Le Progrès, a vítima, identificada como Ashur Sarnaya, que era deficiente e usava cadeira de rodas, estava voltando para o seu prédio quando um homem, que aparentemente o esperava, o atacou no pescoço com uma faca. Os serviços de emergência, alertados pouco antes das 22h30, o encontraram em parada cardíaca e não conseguiram reanimá-lo.
Nascido em 1979, Sarnaya morava no prédio com sua irmã há mais de uma década. Ele fugiu do avanço do Estado Islâmico no Iraque em 2014. Os vizinhos o descreveram como "uma pessoa vulnerável que não andava e nunca causou problemas".
Um assassinato anticristão?
Os familiares disseram à mídia local que Sarnaya, um cristão assírio, transmitia com frequência sessões ao vivo no TikTok à noite, nas quais falava sobre o cristianismo. Em um vídeo que ainda circulava online na manhã seguinte, ele apareceu com o rosto coberto de sangue escorrendo do nariz e da boca.
“Ele era uma pessoa normal. Fazia vídeos ao vivo no TikTok para difundir a palavra de Deus. Não tinha inimigos, nem problemas com ninguém”, disse sua irmã à RMC-BFM Lyon, lembrando que foram amigos que assistiam à transmissão que a alertaram no momento do ataque. “Quando cheguei, ele já estava morto. Estava no chão, havia muita gente, a polícia, os bombeiros”.
Em suas redes sociais, Sarnaya compartilhava com frequência testemunhos de fé em árabe. Em uma publicação citada pela Aleteia França, ele reclamava que seus conteúdos eram bloqueados ou suspensos com frequência devido a denúncias de usuários muçulmanos. Em março, ele alegou ter sido agredido fisicamente por muçulmanos.
O presidente da Associação Assírio-Caldeia de Lyon, Georges Shamoun Ishaq, disse aos meios católicos que Sarnaya era “uma pessoa muito gentil, discreta, profundamente religiosa, que gostava de falar sobre a fé cristã”.
O Ministério Público de Lyon abriu uma investigação de homicídio, confiada à Divisão de Crime Organizado e Especializado. Nesta fase, os investigadores não estão priorizando nenhuma hipótese: criminal, política, religiosa ou relacionada a drogas. Segundo a AFP, circula um vídeo de um homem vestido de preto e encapuzado, fugindo do local, identificado como o suposto agressor.
Resposta de Organizações Católicas
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Várias organizações católicas na França expressaram profunda preocupação. A Œuvre d’Orient condenou "com a máxima firmeza o assassinato de um cristão iraquiano vulnerável", dizendo que "é essencial que os cristãos no Oriente Médio possam dar testemunho de sua fé com segurança e viver com dignidade".
A SOS Chrétiens d'Orient recordou que Sarnaya havia fugido da perseguição do Estado Islâmico no Iraque. "É inimaginável que um cristão que fugiu da perseguição seja assassinado na França", disse a organização, pedindo orações pelo seu descanso e por sua família.
Os familiares também prestaram homenagem a Sarnaya nas redes sociais. Um primo o descreveu como um mártir no Facebook: "Ele estava pregando ao vivo quando sua vida foi tragicamente tirada", escreveu, acrescentando que sua fé sempre será uma inspiração.
As reações de líderes políticos foram limitadas. Marine Le Pen, líder do partido de direita Rassemblement National, disse no X que Sarnaya "foi brutalmente esfaqueado em Lyon por um islâmico. Conceder asilo aos perseguidos é legítimo, mas nossa política de imigração descontrolada agora nos leva a acolher seus algozes".
O influenciador de Lyon, Verlaine, também prestou homenagem à vítima no X, destacando sua presença proeminente nas redes sociais, "onde compartilhava acima de tudo sua fé católica...", sugerindo que esse foi o motivo de seu assassinato. "Descanse em paz, senhor", escreveu.
Aumento incontrolável de atos anticristãos na França
O assassinato de Sarnaya ocorre em meio à crescente preocupação com incidentes anticristãos na França. Diversas associações têm alertado repetidamente sobre o aumento de ataques contra igrejas, cemitérios e fiéis nos últimos anos.
Em 7 de agosto, o ministro do interior, Bruno Retailleau, pediu aos prefeitos que reforçassem a proteção dos locais de culto cristãos, especialmente na época da Festa da Assunção. Segundo dados oficiais, 401 atos anticristãos foram registrados entre janeiro e junho, um aumento de 13% em relação ao mesmo período de 2024. A maioria envolveu vandalismo e profanação de igrejas.
Em 8 de setembro, apenas dois dias antes do assassinato, uma estátua de Nossa Senhora com o menino foi incendiada intencionalmente durante a missa na Basílica de Notre-Dame de Bon-Secours, em Guingamp, Bretanha. A mesma estátua já havia sido alvo de ataques incendiários em 2015 e 2021.
Em 25 de julho, a igreja de Notre-Dame des Champs, no sexto distrito de Paris, também foi alvo de um ataque incendiário. Um ano antes, o ataque incendiário que devastou uma igreja histórica no norte da França já havia causado uma onda de choque nacional.
A relativa falta de cobertura da mídia sobre atos anticristãos, que chegam a centenas a cada ano, levantou preocupações entre observadores católicos de que o fenômeno irá piorar se não for abordado mais seriamente.





