31 de jul de 2025 às 12:35
“Participar do Jubileu dos missionários digitais é um privilégio imenso e é bonito porque a gente se sente fazendo história”, diz o diácono Alexandre Varela, da arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ), à ACI Digital. Ele viajou pela primeira vez a Roma para participar no Jubileu dos missionários digitais e dos influencers católicos que aconteceu na segunda-feira (28) e terça-feira (29).
Criador do perfil “O Catequista”, que tem 244 mil seguidores no Instagram, Varela evangeliza há mais de uma década nas redes sociais junto com a sua mulher Viviane Varela. Além de oferecer conteúdo gratuito sobre a fé e a doutrina católica, ele tem um curso de formação chamado Catequistas Raíz.
“Está sendo extremamente bonito acompanhar o despertar da igreja para o trabalho dos influenciadores digitais, que é o que a Igreja chama de missionários digitais”, disse o diácono que é casado e pai de seis filhos. “É a certeza de estar aqui construindo aí um pedaço da história da igreja”.
Um momento importante para ele foi a missa na Basílica de São Pedro, celebrada na terça-feira (29) pelo pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, cardeal Luis Antonio Tagle. Diante de cerca de mil participantes, missionários digitais e peregrinos vindos de diferentes partes do mundo, Varela proclamou o Evangelho.
O influencer católico Matheus Pinheiro, conhecido nas redes sociais como Math Colo de Deus, de 30 anos, também participou do Jubileu. Ele contou à ACI Digital que o “encontro foi maravilhoso pois conversamos sobre o poder da evangelização no ambiente digital, como nós podemos fazer para cada vez mais caminharmos em unidade com a Igreja e também o nosso lugar dentro do Reino de Deus”.
Missionário e leigo consagrado da Comunidade Colo de Deus, Math tem 548 mil seguidores no seu perfil no Instagram no qual se propõe a ensinar “coisas que todo católico deveria saber”. Ele também é idealizador do projeto Igrejeiro, que reúne os 50 maiores influenciadores católicos do Brasil.
Para Math, quem também faz parte da coordenação dos missionários digitais no Brasil, “a Igreja parar para ouvir pela primeira vez os missionários digitais principalmente os leigos e padres é algo realmente transformador. Estou aqui em Roma vivendo realmente um sonho, um sonho de estar no encontro dos missionários digitais”.
Cássia Silva é missionária digital da arquidiocese do Rio de Janeiro. Ela usa suas redes sociais para ensinar sobre planejamento familiar e o Método de Ovulação Billings. Embora não tenha podido viajar a Roma, acompanhou os dois principais encontros de forma online.
“Participar deste Jubileu dos missionários digitais fez com que eu refletisse sobre meu chamado e percebesse que é o próprio Cristo quem me influencia”, disse ela à ACI Digital. “Ser um influenciador digital não é buscar likes, mas levar o próprio Cristo à casa de todas as pessoas, em todos os lugares”.
“É pelas minhas redes sociais que quero proporcionar um encontro com Jesus. Porque Jesus foi o maior influenciador. E é Ele que eu quero seguir, é Ele que eu quero entregar às pessoas que me seguem, que me procuram para conhecer um pouquinho mais da verdade da nossa Igreja”, concluiu.
Diferença entre missionários digitais e influenciadores católicos
O termo missionário digital surgiu no número 17 do Relatório Síntese do Sínodo da Sinodalidade 2023 que trata sobre os missionários no ambiente digital.
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O teólogo Raylson Araújo, um dos coordenadores dos missionários digitais no Brasil, disse à ACI Digital que o missionário digital “é quem atua através de um apostolado de maneira intencional. Então ele está na rede social quase que exclusivamente para realizar um apostolado. Seja de catequese, catequese litúrgica, estudo bíblico, de oração, ou é um ilustrador, ou fala sobre a vida dos santos”.
“O influenciador católico é uma pessoa relevante na rede social e através do seu testemunho de vida também deixa transparecer a sua fé católica”, disse Raylson. “Ele atua, ele é uma influência, porque tem muitos seguidores, e aproveita da sua influência para também dar testemunho da sua fé”.
A criação da pastoral digital no Brasil
O projeto global A Igreja te escuta, segundo o Vatican News, site oficial da Santa Sé “é uma iniciativa vaticana, que nasceu de uma convocação do próprio papa Francisco, para fortalecer a missão digital e ouvir as vozes dos fiéis no ambiente online”.
No Brasil, essa iniciativa levou à formação da coordenação dos missionários digitais que trabalham na criação da pastoral digital. Fazem parte dessa equipe: Fabiano Facchini, Flavia Maria, Guilherme Augusto Barbosa das Mercês, Gustavo Galvão, Larissa Fernandes, Matheus Pinheiro, Osnilda Lima, padre Tiago Sibula, Rafael Marques, Raylson Araújo e Ronnaldh Oliveira.
A coordenação organizou em julho de 2024 o 1º Encontro Nacional de Missionários Digitais, reunindo 80 influenciadores católicos, no Santuário Nacional de Aparecida. Já o segundo encontro ocorreu na Expo Católica, em São Paulo (SP), em julho passado.
Em outubro de 2024, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promoveu um encontro em sua sede, em Brasília, reunindo 17 padres que evangelizam no ambiente digital.
O primeiro passo rumo à criação da Pastoral Digital foi dado em março deste ano, durante uma reunião entre a coordenação dos Missionários Digitais e a Comissão Episcopal para a Comunicação Social da CNBB. O encontro foi no Centro MAGIS Anchietanum, espaço jesuíta voltado à juventude, em São Paulo (SP), com o objetivo de articular as bases dessa pastoral.
Segundo Raylson, a criação da pastoral digital não é uma iniciativa da CNBB nem da Igreja no Brasil, “é um pedido da Santa Sé. Isso vem sendo discutido nos últimos anos, e nós temos isso nos documentos magisteriais”.
“Não é unânime dentro da CNBB que a evangelização digital seja evangelização, necessite de uma pastoral e se trate de missionários. Não é unânime. Tem bispos que não olham com apreço, têm uma certa desconfiança, que faz parte, pois é uma novidade”, disse
Ele explica que “pastoral vem de pasto, que é justamente o alimento do rebanho. O pastor cuida, mas cuida também porque cuida do pasto que alimenta o rebanho”.
“Fazer pastoral na Igreja”, continua Raylson, “é ajudar para que aqueles que têm fome, que estão na missão e têm fome, tenham onde se alimentar. Então, quando falamos de uma pastoral digital, é justamente cuidar dessa alimentação. Alimentação espiritual, essa formação da doutrina, e um chamado à comunhão”.





