18 de jul de 2025 às 11:58
Segundo estatísticas do Departamento de Saúde da Irlanda, uma em cada seis crianças nascituras foram abortadas no ano passado — o maior número já registrado desde que a lei do país mudou em 2019 por causa do referendo de 2018.
"Esse é um número realmente assustador e é o oposto do que políticos importantes prometeram ao público que aconteceria se votassem pela revogação em 2018", disse Eilís Mulroy, porta-voz do grupo pró-vida Pro Life Campaign, à CNA, agência em inglês da EWTN.
No referendo de 2018, ativistas pró-vida disseram que o número de abortos aumentaria drasticamente se o acesso ao aborto fosse ampliado. Mulroy destacou que 10.852 abortos no ano passado representam um aumento de 280% em relação aos 2.879 abortos irlandeses feitos em 2018, ano anterior à mudança da lei.
Mulroy diz que o Pro Life Campaign e outros grupos pediram uma reunião com Jennifer Carroll MacNeill, a ministra da saúde da Irlanda, Jennifer Carroll MacNeill, para falar sobre os novos números chocantes.
"Eu conheço pessoalmente políticos, e senadores que teriam sido pessoas que fizeram campanha em 2018 pelo voto no sim, que teriam encorajado outras pessoas a votarem sim naquela época por diferentes razões, que agora acham que isso foi longe demais e estão chocados com os números", diz Mulroy.
Na preparação para o referendo de 2018 para ampliar o acesso ao aborto na Irlanda, ativistas pró-vida disseram que, na Grã-Bretanha, naquela época, uma em cada cinco gestações terminava em aborto.
“Membros da mídia na Irlanda acusaram o lado pró-vida de alarmismo e estavam tentando refutar esses números, dizendo que isso nunca aconteceria na Irlanda”, diz Mulroy.
“Quase alcançamos esse número — agora temos um em cada seis bebês que são abortados”, diz ela. “E o Reino Unido, na semana passada, divulgou seus últimos números, e eles estão quase em uma em cada três gestações que terminam em aborto. Então, uma vez que se introduz o aborto, uma vez que se muda a lei, com o tempo, as taxas de aborto aumentam, e se havia alguma dúvida sobre isso, não há mais”.
“Mesmo que se aceite, à primeira vista, a alegação altamente discutível dos defensores do aborto de que mil pílulas abortivas ilegais adicionais eram compradas anualmente antes da revogação da lei, o aumento de abortos depois de 2018 ainda é impressionante”, diz também Mulroy. “Cerca de 98% de todos os abortos na Irlanda em 2024 ocorreram no início da gravidez, até 12 semanas”.
David Quinn, da organização conservadora irlandesa Iona Institute, falou a CNA, agência em inglês da EWTN, sobre a mensagem usada pelo taoiseach Leo Varadkar e pelo governo irlandês na época do referendo de 2018. Ao anunciar o referendo, Varadkar disse que falava "como taoiseach [chefe do governo da Irlanda], como médico e como ex-ministro da Saúde".
“Leo Varadkar, quando anunciou o referendo no início de 2018, disse que o aborto seria seguro, legal e raro, o que claramente não é o caso”, diz Quinn. “Então, Leo Varadkar consideraria 11 mil abortos raros? Eles estavam inventando uma história sobre ser raro, o que era conveniente para eles, e era conveniente para aqueles que votaram sim acreditarem também”.
Na época do referendo sobre o aborto na Irlanda em 2018, Quinn disse que muitas pessoas foram levadas a acreditar que a legislação subsequentemente introduzida limitaria o acesso ao aborto. Ele perguntou se o eleitorado tinha noção das implicações de votar "sim".
"Se tivessem olhado para uma bola de cristal e visto que isso ultrapassaria 11 mil [abortos], ou que uma em cada seis gestações terminam dessa forma, teriam hesitado? Teriam percebido que a lei não é nem metade tão restritiva quanto nos fizeram acreditar?"
“A ideia foi vendida aos eleitores com base nos casos difíceis — como se o bebê fosse morrer logo depois do nascimento”, diz também Quinn. “E houve muito pouca atenção ao fato de que a grande maioria dos bebês abortados são filhos saudáveis de mulheres saudáveis”.
“Isso quase não foi discutido. Quer dizer, nosso lado pró-vida tentou levantar a questão, mas os círculos pró-escolha e o governo mantiveram com muito sucesso o debate sobre os casos difíceis e não disseram às pessoas que 90% dos abortos ocorreriam antes de 12 semanas”.
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Mulroy está pressionando pela intervenção do ministro da saúde do país e falou sobre preocupações sobre quais eram as expectativas das pessoas em 2018.
“Passamos muito tempo conversando com políticos — mesmo aqueles que podem não necessariamente ter uma perspectiva pró-vida, mas que podem dividir pontos em comum em algumas das questões associadas à questão do aborto”, diz ela. “Por exemplo, a necessidade de alternativas mais positivas para mulheres em gravidez não planejada”.
Mulroy diz que são os políticos que têm “responsabilidade na área das políticas públicas”.
“Estamos falando de vidas humanas aqui”, diz ela. “Não é como qualquer outra área da saúde, onde estamos tentando reduzir listas de espera ou outras coisas”.
“Isso não é saúde. Isso é o fim de vidas humanas, e é por isso que estamos realmente pressionando por uma reunião com a ministra da Saúde para discutir esses números e nos permitir discutir o que aconteceu com a lei do aborto, em vez dessa situação polarizada em que a voz pró-vida não tem permissão alguma para tomar decisões, o que aconteceu no governo irlandês nos últimos anos”.
Mulroy vê alguns pequenos sinais de esperança no atual governo irlandês.
“Eu veria muitos pontos positivos nisso — a composição do governo atual”, diz ela. “Esse governo é apoiado por vários independentes, e alguns desses independentes são muito pró-vida”.
Ela disse acreditar que a Irlanda "esperançosamente verá algumas mudanças incrementais na gestão desse governo, mesmo que o único foco seja garantir que as mulheres em gravidez não planejada tenham todas as informações necessárias para serem mães".
“Neste momento, quando alguém liga para a linha de ajuda financiada pelo governo para dizer que está numa gravidez não planejada, só recebe uma informação: onde fica o médico mais próximo que faz abortos”, diz ela.
“Não importa de que lado da cerca você esteja... todos devem se unir e concordar que as mulheres que estão em uma gravidez não planejada devem obter todas as informações, e acho que isso teria um impacto nos números de abortos”, diz também Mulroy.
Quinn está preocupado que a questão dos números de abortos simplesmente não esteja recebendo atenção suficiente na grande mídia.
“Isso não está recebendo publicidade suficiente; não está sendo discutido. Na verdade, pouquíssimas pessoas sabem disso fora dos círculos pró-vida”, diz ele. “Ninguém no ar perguntou: Bem, você acha que 11 mil [abortos] é algo raro? Vocês disseram que seria raro. Então, o que está acontecendo?”
“Basicamente, há uma conspiração do silêncio”, diz também Quinn. “É muito difícil romper a conspiração do silêncio. Mas precisamos continuar tentando”.






