11 de jul de 2025 às 14:38
O Observatório para a Liberdade Religiosa e Consciência (OLRC) está pedindo à União Europeia (UE) que estabeleça um plano contra a cristianofobia similar aos protocolos contra o antissemitismo e a islamofobia que já existem.
A organização espanhola pede à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que crie imediatamente o cargo de coordenador europeu para a Luta contra a Cristianofobia, a par dos já existentes para ataques a judeus e muçulmanos.
O OLRC alega o apelo é oportuno "dada a crescente onda de ataques a cristãos e locais de culto na Europa".
“Nas últimas semanas, ocorreram incidentes alarmantes, como a invasão do altar da basílica do Sagrado Coração, em Paris, por um homem que gritou Allah Akbar, o incêndio criminoso numa igreja na Baviera e o ataque a um sacristão em Rodgau, Alemanha, usando uma cruz como arma", diz o comunicado da organização.
Não se podem esquecer os “inúmeros ataques ocorridos na Espanha”, com 36 casos registrados no último relatório elaborado pelo OLRC. Um islamista matou o sacristão Diego Valencia em Algeciras, Espanha, um frade do mosteiro de Gilet, Valência, foi espancado recentemente, e houve tentativas de incêndio criminoso em igrejas de Jerez e Cuenca, diz o relatório.
Para María García, presidente do OLRC, "a União Europeia não pode ignorar esses assassinatos e ataques a igrejas". Ela também acredita ser "essencial" que a Comissão Europeia "reconheça a gravidade desses eventos e aja com o mesmo comprometimento que demonstra na luta contra outras formas de ódio religioso".
“A coexistência e a liberdade religiosa na Europa estão ameaçadas”, sublinha a presidente do OLRC. “Por isso, apelamos à criação urgente de um coordenador especial da União Europeia para a Luta contra a Cristianofobia, que coordene e implemente políticas eficazes para conter estes ataques”.
Por meio de uma campanha online, os cidadãos europeus são convidados a se unir a essa petição para "exigir que as instituições europeias protejam genuína e efetivamente os direitos fundamentais de todos os seus cidadãos, especialmente a liberdade religiosa".
"Apelamos à Comissão Europeia para criar imediatamente um Coordenador Especial da UE para combater a cristianofobia”, diz a campanha. “A par dos que já existem para combater o antissemitismo e a islamofobia".
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Protocolos da UE contra o antissemitismo e a islamofobia
Por muitos anos, especialmente na última década, as instituições da União Europeia desenvolveram planos e aprovaram várias declarações sobre a proteção de judeus e muçulmanos em seus países-membros.
Em 2015, o colóquio anual sobre Direitos Humanos na UE foi dedicado ao antissemitismo e à islamofobia. No mesmo ano, foram nomeados a primeira coordenadora para o combate ao antissemitismo, Katharina von Schnurbein, e seu homólogo contra a islamofobia, Tommaso Chiamparino. Eles foram sucedidos em 2023 pela francesa Marion Lalisse.
Em 2019, o combate ao antissemitismo foi incluído na alçada da Vice-Presidência para a Promoção do Modo de Vida Europeu; e no ano seguinte, o Conselho decidiu integrar essa política "em todas as áreas de ação" através de uma nova declaração. Em 2021, a Comissão Europeia apresentou a sua primeira estratégia para "combater o antissemitismo e promover o modo de vida judaico".
No caso da população islâmica na Europa, a comissão europeia contra o Racismo e a Intolerância emitiu um documento em 2000 intitulado Combater a intolerância e a discriminação contra os muçulmanos, e em 2010 a assembleia parlamentar do Conselho da Europa adotou uma resolução expressando “profunda preocupação com o extremismo islâmico e o extremismo que rejeita as comunidades muçulmanas na Europa, dois fenômenos que se reforçam mutuamente”.
Em outubro do ano passado, a Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA, na sigla em inglês) publicou o relatório Ser Muçulmano na UE. Ele também apresenta um banco de dados de jurisprudência e decisões internacionais, europeias e nacionais relacionadas a casos de ódio antimuçulmano entre 2012 e 2022. Também no ano passado, a Comissão Europeia publicou um relatório intitulado O Quadro Jurídico para o Combate ao Ódio Antimuçulmano na União Europeia.



