Um centro de bioética católico em Oxford, Inglaterra, fechou depois de quase 50 anos por dificuldades financeiras, segundo David Albert Jones, seu diretor.

“É com imensa tristeza que anunciamos que a equipe foi recentemente informada do fechamento do Centro de Bioética Anscombe, em Oxford”, escreveu Jones no site do Anscombe. “Essa decisão foi tomada por motivos financeiros pelo administrador corporativo do centro, o Catholic Trust for England and Wales”.

O centro disse que não aceitará mais doações e não responderá mais a perguntas depois de 31 de julho.

O Anscombe Bioethics Centre é um instituto de pesquisa com sede em Oxford dedicado a servir a Igreja no Reino Unido e na Irlanda por meio da promoção de pesquisas sobre bioética.

Os bioeticistas do centro participam regularmente de discussões globais sobre bioética, publicando pesquisas biomédicas e livros acadêmicos, além de fazer comentários especializados frequentes sobre notícias de última hora na mídia, inclusive para a CNA, agência em inglês da EWTN.

Anscombe é o instituto nacional de bioética mais antigo das ilhas britânicas e irlandesas, segundo seu website. O centro leva o nome de Elizabeth Anscombe, filósofa católica que "lecionou em Oxford e Cambridge, debateu com C.S. Lewis, estudou com Wittgenstein [e] era conhecida por sua defesa da vida humana e por desencadear o renascimento contemporâneo da ética das virtudes".

"Com tristeza, mas com gratidão e esperança inabalável", Jones agradeceu aos doadores do Anscombe, dizendo que grande parte do financiamento foi fornecida pela "generosidade de muitos milhares de paroquianos" em todo o Reino Unido, e pela comunidade católica na Irlanda.

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“Gostaríamos de enfatizar que, embora o centro esteja sendo fechado, essas doações não foram desperdiçadas, mas ajudaram a educar e apoiar gerações de profissionais de saúde, clérigos e leigos conscientes ao longo de quase 50 anos”, escreveu Jones. “Esse apoio também ajudou a prevenir repetidas tentativas de legalizar a eutanásia ou o suicídio assistido na Grã-Bretanha e na Irlanda, de 1993 até o presente”.

Mesmo nos casos em que leis que vão contra a doutrina da Igreja sobre a dignidade humana foram aprovadas, Jones disse que “o centro manteve um testemunho da dignidade da vida humana desde a concepção até a morte natural”.

“Agradecemos a Deus e ao nosso padroeiro são Rafael por tudo o que foi feito por meio do nosso trabalho”, disse Jones.

Embora o Centro Anscombe em breve não possa mais dar testemunho especializado em bioética, Jones encorajou as pessoas a fazer uso de seus recursos disponibilizados ao longo dos anos e a continuar a "se envolver com o parlamento escocês e com a Câmara dos Lordes, enquanto esses órgãos continuam a debater legislação perigosa e mal pensada".

"As questões candentes dos nossos dias, da fertilização in vitro à manipulação genética de humanos, passando pela tomada de decisões sobre o fim da vida, exigem uma voz especializada que seja capaz de falar sobre as principais preocupações morais e éticas que estão em jogo, e que faça isso de modo convincente no meio da nossa cultura turbulenta e confusa", disse à CNA o padre Tadeusz Pacholczyk, bioeticista sênior do National Catholic Bioethics Center.

“O Centro de Bioética Anscombe forneceu uma voz muito necessária em meio a tantos desses debates públicos desafiadores, não só na Grã-Bretanha, mas também na Europa e além”, disse também o padre. “Somos todos muito gratos pelo excelente trabalho que ofereceram. Seu encerramento nos lembra da importância de garantir apoio sólido e contínuo ao tipo único de análise ética oferecido por católicos comprometidos que trabalham juntos nas áreas de ética médica e bioética”.