2 de jul de 2025 às 16:26
Foi apresentado hoje (2) no Vaticano um projeto concebido como uma verdadeira "revolução espiritual", promovido por jovens cristãos de toda a Europa que, em sua busca de sentido, aspiram a colocar Cristo no centro de suas vidas e, com esperança, restaurar a alma do Velho Continente.
A iniciativa começou a tomar forma há dois anos com o bispo de Palência, Espanha, Mikel Garciandía; ex-reitor do santuário de São Miguel em Navarra, Espanha — com a ideia de coordenar a participação de jovens num projeto por meio da Rede de Santuários de São Miguel na Europa.
O que inicialmente parecia destinado a concluir-se com o Jubileu da Esperança este ano assumiu uma dimensão internacional e um horizonte mais amplo, com os olhos postos no Jubileu da Redenção em 2033, programado para ser celebrado em Jerusalém. "Coisas que pareciam impossíveis há um mês estão acontecendo", disse Garciandía na apresentação de hoje de manhã.
Com o apoio da subcomissão episcopal para a Juventude e a Infância da Conferência Episcopal Espanhola, da arquidiocese de Santiago de Compostela, da Igreja em Jerusalém e, mais recentemente, da Santa Sé, nasceu essa proposta, convidando jovens cristãos de todo o continente a abrir um caminho de fé e esperança para uma nova geração europeia.
Assim nasceu Roma 25, Tiago 27, Jerusalém 33; projeto criado por jovens para jovens, até mesmo para os que não creem, mas buscam sentido para suas vidas. Especificamente, a iniciativa convida os cristãos a encontrar o Senhor por meio da peregrinação, da cura e da evangelização.
Além disso, no mês passado, os promotores do projeto apresentaram a iniciativa ao papa.
"Estamos convencidos de que ele é um defensor do projeto", disse hoje Garciandía, dizendo também que essa certeza foi o que os levou a apresentá-lo oficialmente hoje no Vaticano.
Europa pode redescobrir sua alma
Nestes meses, peregrinações locais estão ocorrendo por toda a Europa, culminando em 1º de agosto, com a proclamação de um "Manifesto dos Jovens Cristãos da Europa" na basílica de Santa Maria em Trastevere, Roma, que foi publicado hoje.
O cerne do projeto é o desenvolvimento do manifesto, discernido e redigido por milhares de jovens europeus: uma "voz viva" de uma geração "que não desiste, que acredita, que sonha e, acima de tudo, que ama", como diz a apresentação do documento.
“O texto não nasceu de um escritório ou de uma estratégia institucional”, disse hoje Fernando Moscardó, porta-voz da juventude e um dos coordenadores do projeto, esta manhã. “Nasce da ferida de uma geração que sofreu, que busca sentido e que, mesmo assim, crê. Acreditamos que Cristo está vivo, que a Igreja continua sendo um lar e que a Europa pode redescobrir sua alma se ousar ouvi-la”.
A revolução começou, o Espírito sopra
Falando à imprensa na Sala de Imprensa da Santa Sé, o espanhol enfatizou que não estão aqui para fazer política, mas sim para "anunciar o Evangelho, para levantar com alegria uma bandeira que não é ideológica, mas profundamente espiritual e eclesial".
"Esse manifesto é um ato de fé e um chamado à esperança”, disse Moscardó. “É a voz de uma juventude que não quer ficar de fora, que não precisa dizer com veemência: queremos mais, queremos Cristo no centro”.
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“A revolução começou, o Espírito sopra", disse ele.
O documento será publicado no site oficial do projeto, e todos os "que se sentem parte dele" são incentivados a assiná-lo. Além disso, todas as informações, atualizações e progressos da iniciativa serão divulgados nas redes sociais sob o nome J2R2033 (Jornada para a Redenção 2033).
O padre Antonio Ammirati, secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais Europeias, também participou da entrevista coletiva. Ele reafirmou seu apoio à iniciativa de acompanhar os jovens em sua "busca de sentido".
O evento também teve um discurso em vídeo do patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, cidade em que o projeto será concluído. O cardeal disse que os jovens da Igreja na Terra Santa "também querem fazer parte desse belo projeto".
Depois de lamentar que, devido à situação política e à guerra que assola a região, muitos jovens não conseguem fazer a peregrinação a Roma, ele disse rezar para que "em 2033 o mundo seja diferente e haja paz".
Restaurando a dimensão religiosa da peregrinação
O subsecretário do Dicastério para a Evangelização, monsenhor Graziano Borgonovo, falou sobre o significado da palavra "peregrino" e reafirmou que seguir Cristo não significa ficar parado, mas sim "colocar-se a caminho" para "anunciar o Evangelho de Jesus, presente e vivo".
O arcebispo de Lucca, Itália, Paolo Giulietti, representando a Conferência Episcopal Italiana (CEI), enfatizou a necessidade de restaurar nos locais e rotas de peregrinação sua "dimensão religiosa", às vezes obscurecida pelo consumismo e pelo turismo.
"Esses lugares nasceram para a busca espiritual e a celebração da fé", disse o arcebispo italiano.
Também participou da reunião — por meio de conexão remota — o arcebispo de Santiago de Compostela, Francisco José Prieto Fernández, que falou sobre o convite que o papa são João Paulo II fez à Europa para retornar às suas raízes cristãs: “Europa, seja você mesma”, exortou o papa polonês em 1982.
O arcebispo destacou o caminho em direção ao "horizonte de transcendência" que essa iniciativa apresenta, uma "metáfora preciosa para seguir Cristo" ao longo da vida.
Por fim, monsenhor Marco Gnavi, pároco de Santa Maria em Trastevere e anfitrião do evento de 1º de agosto, onde o manifesto será apresentado na véspera do Jubileu dos Jovens, disse estar “surpreso com o entusiasmo dos jovens”, especialmente num momento de “mudanças dolorosas”.
"Num mundo desesperado, cheio de conflitos, é importante manter o foco no horizonte", enfatizou Gnavi, imaginando esse evento como "uma parada de oração e alegria" para os jovens, voltarão para casa "tendo recebido algo mais", uma graça especial.