1 de jul de 2025 às 16:28
“Acreditamos com a esperança pascal que ainda é possível mudar o mundo”, disse hoje (1º) o arcebispo de Porto Alegre (RS), cardeal Jaime Spengler em entrevista coletiva no Vaticano sobre o documento preparatório para a 30ª Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP 30) da Organização das Nações Unidas de 10 a 21 de novembro próximos em Belém (PA). “Faremos isso com os pés no chão e o coração no Reino”.
Dom Jaime, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM), o arcebispo de Goa e Damão, cardeal Filipe Neri, presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia (FABC); o arcebispo de Kinshasa, cardeal Fridolin Ambongo Besungu, presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM); e o bispo auxiliar de Cuzco, dom Lizardo Estrada Herrera, secretário-geral do CELAM, apresentaram ao papa Leão XIV o documento “Um Apelo pela Justiça Climática e a Casa Comum: Conversão ecológica, Transformação e Resistência às Falsas Soluções”.
Segundo dom Jaime, o documento preparado por especialistas de diversas áreas sobre mudanças climáticas “é fruto de um processo sinodal, de um discernimento espiritual e comunitário entre Igrejas irmãs do Sul Global: África, Ásia e América Latina e Caribe”.
O documento “contém os principais pontos de defesa, propostas e denúncias feitas pela Igreja de acordo com o magistério do papa Francisco e do papa Leão XIV em relação à crise climática e às questões que estão sendo discutidas na COP 30”, disse o cardeal.
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“Estamos convencidos de que a conversão ecológica não é uma opção para os cristãos, somente, mas um chamado do Evangelho”, disse dom Jaime. “Não há justiça climática sem conversão ecológica, e não há conversão ecológica sem resistências à falsas soluções, ou a soluções fáceis”.
Dom Jaime disse que “os problemas ambientais possuem raízes éticas e espirituais” e é preciso “passar do consumo ao sacrifício, da avidez à generosidade, do desperdício à capacidade da partilha. De passar pouco a pouco do que ‘eu quero’ a aquilo que ‘o mundo de Deus precisa’ ”.
“Do coração da Amazônia” se ouve “um grito que clama”, disse dom Jaime. “Como podemos permitir que um mercado, sem regulamentações éticas decidam os destinos dos ecossistemas mais vitais do planeta? Como podemos aceitar que a solução climática seja um negócio para poucos e um sacrifício para os povos indígenas, os afro-descentes e comunidades locais?”
“Da região que sediará a COP 30, a porta da Amazônia: Belém”, dom Jaime disse que se oferece “o compromisso eclesial de educar para a ecologia integral, de acompanhar as comunidades que sofrem e de permanecer vigilantes com o observatório de justiça climática que será promovido pela Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) e promoverá entre outros estudos, o monitoramento dos níveis de carbono a nível nacional”.