A Conferência de Bispos Católicos dos EUA (USCCB, na sigla em inglês), celebrou ontem (24) o terceiro aniversário da decisão Dobbs, da Suprema Corte dos EUA, que anulou o caso Roe x Wade, que tinha liberado o aborto no país em 1973.

“Apesar do bem que a decisão Dobbs fez, a batalha pela vida está longe de terminar”, disse ontem (24) o bispo de Toledo, Ohio, EUA, Daniel Thomas, presidente do comitê de atividades pró-vida da USCCB.

“Peço a todos os católicos que envolvam seus representantes eleitos em todas as questões que ameaçam o dom da vida humana, em particular a ameaça do aborto”, disse Thomas.

Thomas disse que a decisão da Suprema Corte do país em 24 de junho de 2022 "encerrou quase 50 anos de aborto praticamente ilimitado em todo o país", dizendo também que "nunca se perdeu a esperança no poder de Deus para corrigir esse erro e realizar o que o mundo acreditava ser impossível".

De 1973 a 2022, a Suprema Corte dos EUA impediu os Estados de adotar legislação em defesa dos bebês não-nascidos. A revogação dessa decisão agora permite que tanto os Estados como o governo federal restrinjam ou até mesmo proíbam o aborto por meio de legislação.

Thomas escreveu que a decisão também "abriu caminho para vitórias pró-vida em nível nacional". Ele ressaltou o fato de que o Congresso dos EUA está atualmente analisando a linguagem no projeto de lei orçamentária para acabar com os reembolsos federais do Medicaid e do Medicare para a Planned Parenthood, maior multinacional de abortos do mundo, e "outras organizações cujo lucro com o aborto prejudica mulheres e bebês".

Enquanto a Igreja celebra o Ano Jubilar da Esperança ao longo de 2025, o bispo disse às paróquias católicas para continuar os esforços para “acolher, abraçar e acompanhar mulheres que enfrentam gestações inesperadas ou desafiadoras” e anunciar “a mensagem de misericórdia de Cristo com todos que estão sofrendo depois de um aborto”. Ele citou duas iniciativas: Walking with Moms in Need (Caminhando com Mães Necessitadas) e Project Rachel.

“À medida que avançamos com esperança, que possamos estar unidos em nossos esforços para proteger o dom divino da vida, em todas as etapas e circunstâncias”, concluiu Thomas.

O bispo de Arlington, Virgínia, Michael Burbidge, consultor e ex-presidente do comitê pró-vida da USCCB, celebrou ontem o aniversário como uma "libertação da injustiça" de Roe, mas disse também que "os efeitos trágicos de Roe permanecem".

“O aborto e outras violações da dignidade humana continuam a ameaçar a santidade da vida de milhões de nossos irmãos e irmãs”, disse Burbidge. “Rezamos e trabalhamos pelo dia em que a lei americana realmente defenda a justiça igualitária para todos, com a proteção igualitária da lei para todos os membros da família humana”.

Vários Estados dos EUA adotaram emendas às suas constituições estaduais para estabelecer o direito ao aborto depois da decisão da Suprema Corte dos EUA, e atualmente há um esforço na Virgínia para fazer isso.

“Todos os católicos da diocese de Arlington e outros de boa vontade são moralmente responsáveis ​​pela defesa pacífica, pelo engajamento político virtuoso e pela oração fervorosa que possam salvar nossa Comunidade da injustiça social do aborto”, disse Burbidge. “Se o aborto for consagrado na Constituição da Virgínia, devemos humildemente pedir a Deus a coragem, a prudência e a sabedoria necessárias para superar tal injustiça por Sua maravilhosa graça”.

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Batalhas pró-vida pela frente

Nos três anos desde a decisão Dobbs, 12 Estados dos EUA promulgaram leis que proíbem quase todos os abortos e outros sete Estados impuseram restrições ao aborto, proibindo o procedimento num estágio mais inicial da gravidez do que o permitido por Roe.

Alguns Estados do país flexibilizaram as regras sobre o aborto, com quase uma dúzia adotando emendas às suas constituições estaduais estabelecendo um direito legal ao aborto.

Os democratas da Câmara e do Senado deram entrevistas coletivas no terceiro aniversário da decisão Dobbs para expressar seu apoio à legislação que legalizaria o aborto em todo o país e anularia as leis pró-vida estaduais. Tentativas de aprovar legislação federal anteriores foram derrotadas pela maioria de republicanos na Câmara e no Senado americanos.

Chuck Schumer, líder da minoria no Senado dos EUA, disse ontem em entrevista coletiva que a data "marca um aniversário sombrio" e que os democratas do Senado "continuarão unidos e lutarão contra os republicanos de todas as maneiras" com esforços para legalizar o aborto em todo o país e interromper as tentativas de cortar o financiamento da Planned Parenthood.

Hakeem Jeffries, líder da minoria na Câmara dos EUA, também chamou a decisão Dobbs de "uma das decisões mais inconcebíveis e antiamericanas da história dos Estados Unidos da América" ​​e disse que os democratas da Câmara "estão aqui para revidar" com uma legislação para legalizar o aborto em todo o país e outros esforços.

Muitas organizações pró-vida permanecem ativas nos níveis estadual e federal enquanto essas batalhas legislativas sobre o aborto prosseguem. A Susan B. Anthony Pro-Life America (SBA), organização nacional pró-vida, fez uma entrevista coletiva na segunda-feira (23), véspera do aniversário, para falar sobre os esforços em andamento.

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"Se você tivesse vivido algumas décadas atrás, nunca teria previsto que algo parecido chegaria ao ponto em que estamos agora, comemorando a derrubada de Roe e o potencial corte de financiamento da Planned Parenthood e do resto do grande lobby do aborto", disse Marjorie Dannenfelser, presidente da SBA, na entrevista coletiva.

Dannenfelser destacou muitas das vitórias em nível estadual, mas disse que a maioria dos Estados dos EUA ainda permite o aborto até o momento da viabilidade e vários Estados permitem o aborto até o momento do nascimento, por qualquer motivo. Ela disse que as equipes de campo da SBA estão apoiando candidatos pró-vida em vários Estados indecisos para as eleições midterm (de meio de mandato) nos EUA, previstas para o ano que vem.

“Um movimento de direitos humanos precisa de garra”, disse também Dannenfelser. “Precisa de força de vontade. Precisa vencer eleições”.