Os EUA celebraram ontem (20) o aniversário de 250 anos do decreto, publicado em 1865, que concedeu liberdade aos afro-americanos escravizados no Texas, emitido dois meses depois do fim da Guerra Civil dos EUA (1861-1864).

A Proclamação de Emancipação do presidente Abraham Lincoln, de 1º de janeiro de 1863, só pode do sul conforme a União avançava sobre os Estados confederados. Só quando o major-general Gordon Granger e cerca de dois mil soldados da União chegaram à baía de Galveston, Texas, em 19 de junho de 1865, cerca de 250 mil afro-americanos escravizados foram libertados.

Conhecido como Juneteenth, o dia se tornou feriado federal em 2021 e é um bom dia para lembrar o primeiro padre negro nos EUA, venerável Augustus Tolton, que está em processo de beatificação.

Tolton nasceu escravo em Brush Creek, condado de Ralls, Missouri, em 1º de abril de 1854, filho de Peter Paul Tolton e Martha Jane Chisley, católicos.

Peter Paul fugiu no início da guerra civil e se juntou ao Exército da União, morrendo em combate. Em 1862, Augustus Tolton, junto com sua mãe e dois irmãos, fugiu cruzando o rio Mississippi rumo a Illinois.

"John, garoto, você está livre”, teria dito a mãe de Tolton depois da travessia. “Nunca se esqueça da bondade do Senhor".

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Tolton começou a frequentar a Escola Católica St. Peter, escola paroquial exclusivamente para brancos em Quincy, Illinois, graças à ajuda do padre Peter McGirr. O padre batizou Tolton, instruiu-o para a primeira comunhão e incentivou sua vocação para o sacerdócio.

Nenhum seminário americano aceitou Tolton por ele ser negro, então ele estudou e foi ordenado em Roma em 1886, aos 31 anos de idade, tornando-se o primeiro afro-americano ordenado padre.

Tolton voltou aos EUA, onde serviu por três anos numa paróquia em Quincy. De lá, foi para Chicago e fundou uma paróquia para fiéis negros — a paróquia de Santa Mônica. Ficou lá até morrer inesperadamente num retiro em 1897 aos 43 anos de idade.

Tolton falava inglês, alemão, italiano, latim, grego e dialetos africanos. Ele também cantava. Era carinhosamente conhecido como "Bom Padre Gus".

A causa de Tolton foi aberta pela arquidiocese de Chicago em 24 de fevereiro de 2011, tornando-o um servo de Deus. Em 12 de junho de 2019, o papa Francisco o declarou venerável, o segundo passo rumo à canonização.

Falando ao comitê que decidiria para onde Tolton seria enviado depois de sua ordenação em 1886 e que anulou a decisão anterior de enviá-lo à África, o então prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cardeal Giovanni Simeoni disse: “A América foi considerada a nação mais esclarecida do mundo. Veremos se ela merece essa honra. Se os EUA nunca viram um padre negro antes, precisam ver um agora”.