“O papa sozinho não pode seguir em frente”, diz Leão XIV à Secretaria de Estado da Santa Sé

6 de jun de 2025 às 15:00

O papa Leão XIV agradeceu ontem (5) os membros da Secretaria de Estado da Santa Sé a ajuda prestada no primeiro mês de seu pontificado, pedindo que não se deixem contaminar por "ambições ou antagonismos".

Entre as pessoas presentes na audiência estava o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, que começou a reunião com um breve discurso. Também participou o substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, Edgar Peña Parra.

O secretário para as Relações com os Estados da Santa Sé, arcebispo Paul Richard Gallagher, não participou da audiência porque está em Cuba para comemorar o 90º aniversário das relações entre o país caribenho e a Santa Sé.

“Me consola saber não estar sozinho”

No início de seu discurso, o papa agradeceu à secretaria de Estado por auxiliá-lo nos "primeiros passos" de seu pontificado e por "levar adiante a missão" que lhe foi confiada.

"Me consola saber não estar sozinho e poder compartilhar a responsabilidade do meu ministério universal convosco", disse Leão XIV.

Depois, de improviso, Leão XIV disse que “é evidente que o papa sozinho não pode seguir em frente e que é preciso, é muito necessário, poder contar com a colaboração de muitos na Santa Sé, mas de maneira especial, de todos vocês da Secretaria de Estado”.

O papa falou sobre os primórdios da instituição, que remontam ao fim do século XV, e sua evolução ao longo dos anos, destacando que atualmente quase metade dos membros da Secretaria de Estado da Santa Sé são leigos e cerca de cinquenta mulheres.

A encarnação e a catolicidade

Esse desenvolvimento, segundo Leão XIV, reflete “o rosto da Igreja”. “Trata-se de uma grande comunidade que trabalha ao lado do papa: juntos compartilhamos as questões, as dificuldades, os desafios e as esperanças do Povo de Deus presente em todo o mundo”, expressando sempre “duas dimensões essenciais: a encarnação e a catolicidade”.

“A Igreja está encarnada no tempo e na história, para que a alegria do Evangelho possa chegar a todos e ser mediada nas culturas e nas línguas atuais”, enfatizou o papa.

Ele falou sobre a perspectiva "católica" e universal, que permite valorizar as diferentes culturas e sensibilidades, servindo como "força motriz comprometida em construir a comunhão entre a Igreja de Roma e as Igrejas locais", e com a comunidade internacional.

Para Leão XIV, essas duas dimensões "tornaram-se cada vez mais constitutivas do trabalho da Cúria", marcando um caminho que orientou a reforma da Cúria Romana, feita pelo papa são Paulo VI, que levou em conta os desafios da história sem perder sua catolicidade.

O papa disse que a encarnação “remete-nos à concretude da realidade e aos temas específicos e particulares, tratados pelos diferentes órgãos da Cúria”.

Que esse lugar “não seja contaminado por ambições ou antagonismos”

Leão XIV enfatizou o caráter universal, dizendo que "ao mistério da unidade multiforme da Igreja, exige um trabalho de síntese que possa ajudar a ação do papa". Este elo, disse, “é precisamente a Secretaria de Estado”.

Leão XIV citou então a constituição apostólica Praedicate evangelium, escrita pelo papa Francisco, sobre a Cúria Romana e seu serviço à Igreja no mundo.

"Sei que essas tarefas são muito exigentes e que, por vezes, podem não ser bem compreendidas. Por isso desejo exprimir-vos a minha proximidade e, sobretudo, a minha sincera gratidão", disse o papa.

Leão XIV expressou sua gratidão pelo "trabalho quase sempre escondido" a serviço da Igreja e pelo "espírito evangélico que o inspira", pedindo que garantam que esse lugar "não seja contaminado por ambições ou antagonismos".

“Sede, pelo contrário, uma verdadeira comunidade de fé e de caridade, de irmãos e de filhos do papa, que se dedicam generosamente ao bem da Igreja”, disse o papa, citando são Paulo VI.

Depois de confiá-los à intercessão de Nossa Senhora, ele agradeceu pelas orações por seu ministério e lhes deu sua bênção.